quinta-feira, 10 de março de 2011

Conhecer os nossos alunos (e/ou filhos, familiares...)

Trago-vos mais um conteúdo retirado do Psiadolescentes Weblog. Desta vez sobre o álcool e os jovens.

Lidamos melhor com eles quando os conhecemos...



"Algumas factos sobre álcool na adolescência

Embora o consumo do álcool seja frequente nos jovens, o seu consumo dependente é raro. Quando ele aparece, representa um forte sinal de mal-estar psicológico que carece de um acompanhamento técnico-profissional ajustado.


O comportamento de consumo de bebidas alcoólicas pelos adolescentes é veiculado por um encontro entre a substância álcool, o meio e um elemento pivot – o cérebro em desenvolvimento.

Nas primeiras experiências com bebidas alcoólicas, os estudos apontam para a maior preponderância dos factores sociais e psicológicos, enquanto que para o desenvolvimento de um problema de dependência do álcool, os factores biológicos parecem ter maior relevo.

Para alguns adolescentes, o consumo pode representar a inclusão num grupo de pares, integrado num processo de mimetização de comportamento enquanto agente facilitador dessa integração; noutros casos pode simbolizar um ritual de transição para a adulticia, ou significar um comportamento de rebeldia face a uma realidade discordante, ou conflito de autonomia.

A iniciação do consumo do álcool também e influenciado por condicionante sociais que incluem os efeitos da propaganda de bebidas alcoólicas sobre os jovens, com práticas de marketing bastante agressivas, as quais os jovens tendem a responder de uma forma emocional, podendo modificar o seu sistema de crenças e expectativas em relação ao beber.

Actualmente, a precocidade da idade de início do consumo de bebidas alcoólicas é uma realidade preocupante, evoluindo dos 18 anos no início da década de 70, para uma média actual que ronda os 13/14 anos.

A investigação mostra que o início do consumo de bebidas alcoólicas antes dos 14 anos de idade representa um factor de risco para o desenvolvimento de dependência do álcool na vida adulta.

É importante realçar que o consumo de bebidas alcoólicas na adolescência torna-se muito alarmante quando este aparece associado a alterações comportamentais e psicológicas (perturbações de conduta, impulsividade, défice atenção).

Os estudos revelam que a passagem para um consumo excessivo e potencialmente problemático na adolescência pode ser facilitada por vários factores de risco:

•Existem factores genéticos que parecem influenciar a resposta do adolescente ao efeito do álcool. Por exemplo, adolescentes com uma baixa resposta ao efeito tóxico do álcool, ou seja, que não apresentam muitas consequências da intoxicação – elevada tolerância (por exemplo, ressaca, incoordenação motora), têm maior risco de desenvolver problemas com ao álcool.

•Da mesma forma, aqueles adolescentes com uma elevada sensibilidade aos efeitos euforizantes do álcool (por exemplo, desinibição social, sexual) podem igualmente circunscrever um grupo de risco para o desenvolvimento de dependência.

•Claro que se adicionarmos estes mecanismos neurobiológicos a um contexto social e cultural vigente, que não só é permissivo ao consumo do álcool, mas igualmente à embriaguez, podemos esperar um potencial de abuso do álcool bastante inflacionado.

•O modelo de suporte social e familiar pode ter também implicações no consumo de álcool do adolescente. O consumo excessivo de álcool poderá tornar-se mais frequente em adolescentes que são “educados” em famílias disfuncionais, com modelos parentais que manifestam uma atitude favorável em relação ao consumo excessivo de álcool dos filhos, ou indiferença face a esse consumo, ou quando existe uma total ausência de comunicação e supervisão."

 
 
Abraço!

1 comentário:

  1. Caro "Prof Raro", obrigado pela referência ao nosso site.
    Lançamos o desafio de colaborar connosco, não da perspectiva de técnico de saúde mas de educador que lida com adolescentes diariamente.
    Se aceitar o desafio mande-nos um email (psiadolescentes@gmail.com)!
    Um abraço
    DG

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