Quantas vezes desconfiamos? Quantas vezes denunciamos e ficamos frustrados pelos esforços que não foram desenvolvidos?
Podemos ajudar numa primeira intervenção/denúncia, mas o resto não é parte das nossas funções. Há outros organismos com essa competência...
A notícia é do Jornal i:
"O primeiro ano de funcionamento efectivo da rede nacional de núcleos de apoio a crianças e jovens em risco, em centros de saúde e hospitais, permitiu detectar 3551 casos de maus tratos. O relatório de 2010 da Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco da Direcção-Geral de Saúde revela que a maioria dos casos, 68%, são situações de negligência, seguindo-se o mau trato físico (10%), mau trato psicológico (14%) e o abuso sexual (6%).
Vasco Prazeres, coordenador da Comissão de Acompanhamento da Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco, explica que apesar de estes números ainda não serem definitivos, revelam um problema de saúde pública que era preciso começar a despistar o mais cedo possível "Há décadas que sabemos que o risco existe e que existe uma perpetuação dos maus tratos. Certamente haverá muitos que ainda passam ao lado da rede mas estamos a melhorar as respostas dentro do sistema."
A rede de núcleos foi criada por despacho do Ministério da Saúde em 2008, depois de algumas experiências piloto a partir de 206. O objectivo era dotar cada centro de saúde e unidade hospitalar de uma equipa multidisciplinar para acompanhar e prevenir situações de maus tratos detectados durante uma assistência clínica Vasco Prazeres sublinha que o facto de existirem 260 núcleos constituídos no final do ano passado, embora nem todos estejam já a funcionar em pleno, demonstra o sucesso da iniciativa. "Nunca houve uma meta para o número de núcleos, que devem surgir à medida que são identificadas necessidades.
O objectivo, em última instância, é existirem ferramentas de diagnóstico e prevenção para os casos poderem ser encaminhados pelos profissionais." O facto de a criação da rede ter coincidido com a reorganização dos cuidados de saúde primários fez com que o processo demorasse mais tempo, admite Vasco Prazeres. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo apresenta neste momento das maiores lacunas. Ainda assim, sublinha o responsável, 15 formações em 2010 e os 1029 profissionais envolvidos nos núcleos devem ser encarados com optimismo.
Na linha da frente No relatório de 2010, o primeiro balanço formal da rede - que inclui casos que já tinham sido diagnosticados pelos serviços mas só agora entram na contabilidade da acção em saúde - lê-se que 48% dos casos foram tratados nos serviços de saúde, 40% foram encaminhados para a Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco e 12% para o Ministério Público. Para já, diz Vasco Prazeres, é impossível avaliar com rigor o desfecho dos casos, mas o essencial, destaca, é uma mudança na actuação dos profissionais de saúde, que passam a estar na linha da frente do combate aos maus tratos. "Esta abordagem veio mexer com muitos paradigmas. Os médicos e profissionais de saúde, que durante muitos anos entendiam como a sua missão o tratamento de lesões, passam a ter um papel activo na prevenção." Outra mudança surge na forma de encarar as vítimas. "Já não falamos de direito parental mas de responsabilidade parental. Mudou a forma de lidar com um pai que diz que, porque o filho é dele, pode fazer o que quer."
Por criar está o registo nacional para os casos notificados. Vasco Prazeres adianta que aplicação informática está a cargo da Administração Central do Sistema de Saúde e ainda não tem lançamento previsto. "Quando a tivermos será possível termos um panorama epidemiológicos dos maus tratos." Para já, os dados reunidos de forma informal permitem algumas leituras: "Sabemos hoje que os maus tratos não são só um problema das classes desfavorecidas." Por outro lado, o facto de a maioria serem situações de negligência aponta para que as vítimas que chegam ao sistema serem sobretudo crianças mais novas."
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