Uma escola que vai ficar aberta à custa de solidariedade? Só se o ministério deixar...
"Pais não aceitam fecho da Escola Pedro Teixeira
DREC quer inserir alunos da Pedro Teixeira nas escolas públicas de Cantanhede. Associação de Pais não aceita. Professores, solidários, abdicam do salário até ao final do ano lectivo
Conforme o Diário de Coimbra adiantou na edição de ontem, a Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) chamou a Associação de Pais da Escola Pedro Teixeira para informar os encarregados de educação de que os seus filhos – face ao encerramento da escola previsto para terça-feira – iriam ser inseridos nas escolas dos três agrupamentos de Cantanhede. Simultaneamente, a directora da DREC, Helena Libório, chamou no mesmo dia (sexta-feira) os directores dos agrupamentos para os informar desta decisão, o que motivou uma reunião urgente, no mesmo dia à noite, da Associação de Pais, que não aceita o fecho do estabelecimento de ensino e muito menos a transferência dos seus filhos para outras escolas a meio do ano escolar.
«Não aceitamos! A DREC quis distribuir os nossos filhos pelas escolas de Cantanhede, o que é condená-los ao insucesso escolar», disse ontem ao nosso Jornal Lúcia Mateus, da Associação de Pais da Pedro Teixeira, inconformada com a decisão do Ministério da Educação. Para salvaguardar o ano lectivo em curso e o futuro dos alunos, os encarregados de educação decidiram criar um fundo financeiro (cada encarregado de educação contribui com uma verba) com a finalidade de pagar as despesas dos professores até ao final do ano lectivo e evitar, assim, que os alunos mudem de escola a meio do ano.
Esta decisão dos encarregados de educação recolheu, aliás, a aprovação dos mais de 20 docentes da Pedro Teixeira que, inclusive, «estão dispostos a abdicar do seu vencimento até ao fim do ano lectivo para evitar a mudança dos alunos», revelou Lúcia Mateus. O fundo criado servirá, apenas, para pagar as deslocações e alimentação dos docentes, revelou a encarregada de educação.
Por outro lado, o proprietário/director da escola, António Negrão, apesar de confirmar o fecho do estabelecimento de ensino e do despedimento colectivo de 44 pessoas (entre pessoal docente e não docente) a partir de 1 de Março (terça-feira), não se opõe a esta tomada de posição dos pais dos alunos.
«Até ao final do ano lectivo, nós, os pais, e os professores, ficaremos responsáveis pela gestão das aulas. Foi isto que decidimos juntamente com os professores, mas...»
Mas, nada desta resolução saída da reunião de pais e professores é exequível sem o aval do Ministério da Educação, o que deixa apreensíveis os encarregados de educação.
“Ao menos deixem-nos acabar o ano lectivo”
«Segunda-feira (amanhã), vamos novamente à DREC apresentar esta proposta à directora (Helena Libório), e não sabemos o que vamos ouvir. Já que o fecho da Pedro Teixeira é irreversível, não queremos que os alunos sejam condenados ao insucesso e pedimos que os deixem terminar o ano nesta escola», apela Lúcia Mateus.
O Diário de Coimbra também falou ontem com a representante dos professores que, emocionada, transmitiu uma imagem de grande desalento. «O despedimento colectivo está certo. São 31 professores e 13 funcionários que vão para o desemprego». Catarina Marques, visivelmente emocionada, lamenta este desfecho que considera «cruel» e revolta-se por «não nos deixarem fazer o que queremos: ensinar os nossos alunos», que consideram «a nossa família».
Esta docente, a leccionar na Pedro Teixeira há 13 anos, confirma que as próprias crianças «não param de chorar» ao saberem que têm de mudar de escola a meio do ano e, num apelo mais profundo, pede aos responsáveis: «ao menos deixem-nos terminar o ano lectivo com os nossos alunos». Amanhã, com a proposta que os encarregados de educação vão apresentar à directora regional de Educação, logo se verá..."
- - - - - -
Abraço!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Porque me interessam outras opiniões! Tentarei ser rápido a moderar o que for escrito, para poder ser publicado.