sexta-feira, 18 de março de 2011

Seis mentes brilhantes. Os melhores alunos têm vida própria

Onde está o "marrão" enfiado nos livros e pouco social que existia nos nossos tempos?

Não está nestes seis exemplos apresentados num artigo do Jornal i:


"Seis mentes brilhantes. Os melhores alunos têm vida própria


Deixe cair a ideia de que o tradicional rato de biblioteca fica sempre com o queijo. Ser o melhor aluno é mais do que estudar arduamente para garantir grandes notas nos exames. São necessárias médias elevadas para constarem da lista de melhores alunos na sua universidade, mas os distinguidos não rebentaram necessariamente as escalas de notas altas. Distinguidos anualmente pela Universidade Técnica de Lisboa, os melhores alunos deste ano submeteram-se a provas, que incluíram jogos, tarefas em grupo e análise escrita. O i falou com os seis primeiros, que ganharam um prémio de 1500 euros e fizeram-se os melhores alunos UTL2010. Em época de geração enrascada, ser flexível com as oportunidades e dar-se à prova é meio caminho andado



Veterinária, 17 valores

Helena Ribeiro Se esta médica veterinária fosse um verbo, "persistir" assentava-lhe como uma luva. Para ter hoje dois empregos, aos quais se dedica de corpo e alma – na ADS Baixo Tejo e na Luso Pecus – Helena Ribeiro, agora com 35 anos, fez um caminho de 17 anos para chegar onde queria. Começou a candidatar-se a uma licenciatura em Medicina Veterinária em 1993 e passaram 11 anos até atingir o lugar que sempre ambicionou. Em 2004, Helena conseguiu finalmente entrar na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, onde terminou o mestrado em 2010. A média? Dezassete valores. "Estava longe de pensar que seria uma das melhores", conta ao i. Mas é. A distinção deu-lhe a compensação financeira e trouxe-lhe o reconhecimento merecido. Mas antes de qualquer outra coisa, o resultado final valeu-lhe "uma forma bonita de agradecer aos pais e àqueles que nunca me deixaram desistir". É fácil perceber que lutar tem sido a palavra de ordem nos dias de Helena Ribeiro. Apesar de compreender o "grande pedido de ajuda da geração à rasca", Helena acaba por considerar que a juventude portuguesa está "um pouco amorfa. Os jovens devem ser mais participativos", defende. Mas a médica veterinária diz que a manifestação do passado dia 12 já foi um passo em frente.


Economia monetária e financeira, 17 valores

Rita Soares Para a técnica assistente em análise de operações e gestão de liquidez do Banco de Portugal, o maior interesse deste "reconhecimento" é o de poder "premiar cérebros, mas fundamentalmente distinguir pessoas". O prémio Melhores Alunos UTL 2010 define os primeiros lugares num único dia, que é recheado com variadas provas. "O mais simpático é sermos nós a votar uns nos outros. Foram estes seis, como podia ter sido qualquer um dos outros 20", acredita. Quando Rita Soares, de 30 anos, decidiu frequentar o mestrado de Economia Monetária e Financeira no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), já trabalhava no banco. Considera por isso que o mais importante é ter um bom método: "O equilíbrio está na organização e na força de vontade e na motivação para superar os obstáculos", diz. No futuro, esta economista quer conciliar a análise económica com a possibilidade de dar aulas na faculdade, como assistente.


Engenharia física e tecnológica, 18 valores

Nuno Loureiro As malas estão feitas. Holanda vai ser o destino de Nuno que, em Abril, começa a frequentar um programa de treinos na Agência Espacial Europeia – ESA. "O segredo não é estudar e estudar. É fazer aquilo de que se gosta", diz o aluno de 24 anos, que terminou o mestrado em Engenharia Física Tecnológica, em 2010, no Instituto Superior Técnico (IST), com média de 18 valores. A viagem não se justifica pela falta de oportunidades em Portugal: "Já existem empresas a apostar nesta área, mas o meu objectivo é adquirir o máximo de conhecimento. Quero ir para os melhores sítios ligados ao espaço. Penso voltar mais tarde e formar a minha empresa. Portugal pode avançar nesta área." Apesar dos 24 anos, Nuno sabe o que quer para o seu futuro e acredita que um "rumo" é aquilo que falta aos jovens portugueses. "É preciso ter os objectivos definidos. Contentar-se com o médio não chega", sublinha. ~


Marketing, 17 valores

Carolina Afonso "Se a vida nos dá limões, temos de fazer limonada." Foi este princípio que levou Carolina Afonso, marketing manager na Asus Portugal, a tirar um mestrado no ISEG, na mesma área, e a fazer parte do rol dos melhores alunos 2010 da UTL. Aos 29 anos, Carolina começou a colher alguns frutos do empenho investido nos últimos três anos de especialização. A sua tese de mestrado valeu-lhe a publicação de um livro ("Green Target, As Novas Tendências do Marketing"). A escrita "é uma actividade paralela", da qual não abdica. A marketeer reconhece que os jovens não têm a vida facilitada, mas contesta: "Temos de nos reinventar. Sou licenciada em Relações Internacionais e queria seguir a carreira diplomática. As oportunidades são limitadas e reinventei o meu percurso." E segue em frente, diz.


Antropologia, 18 valores

Artur Santos Ser o melhor "vai para além do estudo", diz. O interesse na sociedade e a especialização em antropologia faz com que Artur Santos, de 26 anos, esteja constantemente a analisar a sociedade: "Se as pessoas demonstrarem que perseguem algo, com atitude e valor, Portugal tem espaço para toda a gente. Não chega tirar as melhores notas." Talvez por isso tenha deixado escapar algum contentamento com os protestos do último sábado: "Esta geração está a ganhar voz para exigir que o nosso país não seja dirigido como algo privado." Artur Ventura concluiu o mestrado em Antropologia no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) e é técnico superior na reitoria da faculdade, pelo que está sempre perto de estudantes: "A nossa juventude tem razões para ir para a rua, mas é imprescindível que apresente propostas concretas ao Estado. Devem ter voz, mas sobretudo devem resolver os problemas."


Engenharia química, 17 valores

Bruno Santos Estagiou numa empresa petrolífera de grande dimensão em França e chegou a ser convidado para ficar. Não quis "Sou demasiado patriota. O país apostou em mim e quero contribuir para fazer algo de novo em Portugal", explica. Bruno Santos, 23 anos, frequenta agora um programa doutoral em Engenharia Química, Refinação e Petroquímca (ENGIQ), comparticipado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e por uma petrolífera. Enquanto adquire mais conhecimentos com a especialização de três anos, Bruno põe em prática o que tem aprendido:"O objectivo é concluir um doutoramento em meio empresarial, enquanto as empresas podem optimizar processos", explica. Bruno Santos admite que a conjuntura actual é preocupante, mas alerta: "É a da Europa e do mundo. Temos de ser optimistas e usar esse optimismo para contrariar a tendência." Defende uma "visão periférica" das oportunidades e uma aposta no empreendedorismo:"Concordo com os protestos da juventude, mas também era interessante que essa força fosse aproveitada para criar. Se as pessoas são boas mobilizadoras, também devem ser boas a inovar", refere."

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