domingo, 28 de agosto de 2011

Opinião "externa" sobre a ADD

Outra vez o raio do "não querem é ser avaliados!"!

E o pior é que nós permitimos que isso seja dito sem nos defendermos como deve ser.

A opinião pública já está "menos agressiva" e lá reconhecem que fomos (e ainda estamos a ser) maltratados, desde o patrão (Governo) ao cliente (Alunos/Encarregados de Educação).

Como somos funcionários públicos não queremos fazer nada e só chupamos dinheiro aos contribuintes, somos parasitas. O facto de sermos nós a dar a enorme base para o futuro da nação não interessa! Temos é que passar os filhinhos e estar calados para não levarmos porrada ou um processo em cima! "Mai nada!"

Leiam esta opinião do sr. Leonel Moura no Jornal de Negócios:

"Avaliar ou não avaliar, eis a questão

Leonel Moura


A avaliação dos professores é uma daquelas sagas tipo "Guerra das Estrelas". A força avança um pouco, a seguir o império contra-ataca e recomeça tudo de novo. Interminável, repetitivo e entediante.

Por estes dias estamos numa espécie de prelúdio dado o aparecimento em cena de um novo governo cheio de boas vontades, declarações patrióticas e sobretudo muita indefinição. Nunca é fácil iludir a realidade. E esta, no tema específico da avaliação dos professores, não podia ser mais adversa para quem acaba de chegar.

É preciso não esquecer que PSD e CDS se aliaram ao PCP, Bloco e sindicatos na guerra contra a avaliação. Chegaram mesmo, num ato indigno que até desagradou a Cavaco Silva, a aprovar no Parlamento, claramente fora de prazo, a sua suspensão. Agora, perante o concreto, e tal como vai sucedendo noutras matérias, nada é tão peremptório e definitivo. O novo ministro, por quem tenho estima pessoal diga-se a título de declaração de interesses, bem se esforça por realizar a quadratura do círculo, ou seja, agradar a professores e sindicatos mantendo a avaliação. O que, como se sabe, é uma impossibilidade matemática já que os professores pura e simplesmente não querem qualquer tipo de avaliação. Toda a conversa sobre metodologias, sistemas, quotas, alunos, excesso de trabalho, burocracias, etc., só tem um único e muito preciso objetivo: inviabilizar qualquer processo de avaliação séria. Aliás, basta olhar para as "contrapropostas" da Fenprof. Remetem invariavelmente para a autoavaliação, ou seja, para avaliação nenhuma.

Neste contexto, Nuno Crato parece seguir a tática de dizer o que os professores querem ouvir e fazer o que eles não querem aceitar. Pelo meio vai fazendo algumas cedências consideradas menores. Uma delas, contudo, de menor não tem nada e é particularmente perniciosa. Refiro a de isentar os professores "mais velhos" da avaliação. Um terço em números redondos, o que não é pouco.

A ideia é péssima qualquer que seja a perspetiva. O "já não vale a pena avaliar os velhos" remete para uma forma de discriminação intolerável. Que infelizmente continua a ser recorrente. José Pacheco, especialista de educação da Universidade do Minho, vai ao ponto de considerar que "os professores com mais anos de carreira 'nem sempre estão mentalmente preparados' para responder às novas exigências do sistema de ensino". Caberia perguntar se não estão "mentalmente preparados" então o que fazem na escola? Mas será mesmo assim? Será uma fatalidade genética? Ou, é precisamente a falta de exigência e de avaliação que conduz ao deixa andar, à passividade e, sobretudo, a essa desistência de se continuar a aprender, evoluir e melhorar capacidades? Só envelhece mentalmente quem quer.

Eventualmente, alguns professores "mais velhos" terão ficado satisfeitos por escaparem à avaliação. Mas haverá quem, legitimamente, se sinta ofendido. Esta isenção é um opróbrio e só estranha que sociedade e professores não reajam com veemência a esta forma de discriminação que, no fundo, diminui e marginaliza os "velhos". "Já não vale a pena" é uma morte antecipada.

Na outra perspetiva, a de privilegiar quem com o tempo chegou a um certo estatuto profissional e portanto não deve mais ser avaliado, estamos ainda pior. É certo que vivemos numa sociedade que trata de forma diferenciada os privilegiados. O chefe tem sempre razão, o senhor doutor não pode ser incomodado, o rico é um cidadão exemplar. De qualquer modo, tem-se evoluído no sentido de separar os privilégios do mérito. É esse, por exemplo, o caso da ciência em que, nas publicações ou para efeito de avaliação e financiamento de projetos de investigação, o professor catedrático é tratado exatamente nas mesmas condições do jovem licenciado. Isto é, pelo mérito das respetivas propostas. E os resultados não podiam ser melhores.

Não vale a pena iludir os factos. Todos os professores devem ser avaliados, da mesma maneira, com o mesmo grau de exigência. Novos e velhos. Em princípio ou em fim de carreira. De contrário, através da discriminação ou do favorecimento, tanto faz, continuaremos a não ter uma avaliação séria e digna desse nome. Não se pode ter medo do império. Darth Vader não pode vencer."


Abraço!

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