O exercício de busca de alternativas, de identificar o que correu mal e pode ser corrigido, de reconhecer as culpas e avançar com a ideia de fazer melhor dá muito trabalho...
"Aprender com os erros
Armanda Zenhas | Educare
Olhar para o erro/fracasso como uma derrota é meio caminho andado para o surgimento de outros problemas, desde a baixa da autoestima à desistência. Erros e fracassos deveriam, pelo contrário, ser considerados oportunidades de aprendizagem.
António tem cinco anos. Gosta de fazer puzzles mas, muitas vezes, recusa-se a começá-los. Não o confessa, mas sente-se intimidado por os achar muito difíceis. Com a insistência da mãe, lá acaba por se lançar na tarefa e empenhar-se nela. A Adélia tem 10 anos e anda no 5.º ano. É uma aluna média, mas não gosta de responder a perguntas na aula, nunca pondo o braço no ar para o fazer, porque tem medo de errar. Célia frequenta o 7.º ano e é uma boa aluna, a melhor da turma a Matemática. A professora incentivou-a a inscrever-se nas Olimpíadas de Matemática, mas ela não aceitou, porque receava perder. Carlos gosta de jogar futebol, mas fica muito nervoso antes dos treinos e dos jogos, porque tem medo de jogar mal e dececionar a equipa e o treinador. Até já pensou em desistir.
"Ninguém nasce ensinado", diz o povo e com razão. Daí que errar faça parte integrante do processo de aprendizagem e deva ser aceite como tal e considerado uma oportunidade de aprendizagem. Se uma peça de um puzzle não encaixa num sítio, procura-se outra até encontrar. Se uma estratégia de resolução não foi bem-sucedida, ensaia-se outra diferente. Se um aluno responde mal a uma pergunta na aula, o professor poderá perceber melhor as suas dificuldades e ajudá-lo a ultrapassá-las. O mesmo se passa durante um treino desportivo. Porquê, então, este receio de errar, tão frequente em crianças, jovens e adultos?
Quando um bebé começa a falar, quem não acha graça às palavras mal pronunciadas, às frases incompletas, em resumo, aos erros que ele comete? Quando uma criança começa a caminhar ou a andar de bicicleta, quem se surpreende se ela cai ou quem a recrimina quando isso acontece? Tentar, errar e voltar a tentar é um processo de aprendizagem natural. Nos exemplos citados, o apoio dos pais e da família são fundamentais para que a aprendizagem se processe de forma saudável e eficaz. À medida que a criança cresce, começa a ser pressionada pela sociedade de competição que a rodeia. O erro passa a equivaler a fracasso, tornando-o mais difícil de aceitar e suportar. Falhar em algo traz à mistura sentimentos pouco agradáveis, como, por exemplo, ansiedade, tristeza, vergonha ou revolta. No entanto, é necessário aprender a lidar com esses sentimentos e a aproveitar os erros para retirar lições, persistir na tarefa e fazer novas aprendizagens.
Olhar para o erro/fracasso como uma derrota é meio caminho andado para o surgimento de outros problemas, desde a baixa da autoestima à desistência. Erros e fracassos deveriam, pelo contrário, ser considerados oportunidades de aprendizagem. Algumas questões importantes se podem colocar com esse objetivo: O que correu mal? O que poderia ter sido feito para o evitar? Se este caminho não foi bem escolhido, quais são as alternativas possíveis? Quais são as vantagens e os inconvenientes de cada uma? Como se pode desdobrar o objetivo que não foi atingido em objetivos intermédios mais exequíveis?
Vejamos dois exemplos diferentes:
- Marisa, de 12 anos, tenta resolver um exercício de Sudoku. Ao fim de algum tempo, não o conseguindo fazer com sucesso, prepara-se para desistir. O pai encoraja-a a continuar. Pede-lhe que lhe explicite o raciocínio que seguiu e, não lhe fornecendo a solução, ajuda-a a encontrar outras pistas. Marisa decide continuar o jogo até o acabar.
- Bruno terminou os exames do 1.º semestre do 1.º ano da universidade. Estudou muito, mas as notas, embora positivas, não correspondem às suas expectativas. Numa primeira análise, considera que não vale a pena estudar. Afinal, tanto esforço para nada. Algum tempo depois, já de cabeça fria, procura analisar o que não correu bem. É verdade que estudou muito, mas apenas no período dos exames. Falharam as revisões regulares ao longo do semestre e as dúvidas surgiram em catadupa durante a maratona de preparação para os exames. Esta reflexão ajuda-o a concluir que será fundamental passar a fazer um estudo mais regular no semestre seguinte e a não baixar o seu grau pessoal de exigência. Dá-lhe ainda motivação para selecionar uma ou duas disciplinas em que, fazendo um esforço suplementar, poderá melhorar as notas nos exames de segunda época.
Diz-se que "errar é humano". Aceitar os erros também o deve ser. Não uma aceitação passiva, mas uma aceitação ativa centrada no desejo de aprender e de melhorar, conjugada com os verbos "analisar", "tentar", "persistir" e "conseguir"."
"Aprender com os erros
Armanda Zenhas | Educare
Olhar para o erro/fracasso como uma derrota é meio caminho andado para o surgimento de outros problemas, desde a baixa da autoestima à desistência. Erros e fracassos deveriam, pelo contrário, ser considerados oportunidades de aprendizagem.
António tem cinco anos. Gosta de fazer puzzles mas, muitas vezes, recusa-se a começá-los. Não o confessa, mas sente-se intimidado por os achar muito difíceis. Com a insistência da mãe, lá acaba por se lançar na tarefa e empenhar-se nela. A Adélia tem 10 anos e anda no 5.º ano. É uma aluna média, mas não gosta de responder a perguntas na aula, nunca pondo o braço no ar para o fazer, porque tem medo de errar. Célia frequenta o 7.º ano e é uma boa aluna, a melhor da turma a Matemática. A professora incentivou-a a inscrever-se nas Olimpíadas de Matemática, mas ela não aceitou, porque receava perder. Carlos gosta de jogar futebol, mas fica muito nervoso antes dos treinos e dos jogos, porque tem medo de jogar mal e dececionar a equipa e o treinador. Até já pensou em desistir.
"Ninguém nasce ensinado", diz o povo e com razão. Daí que errar faça parte integrante do processo de aprendizagem e deva ser aceite como tal e considerado uma oportunidade de aprendizagem. Se uma peça de um puzzle não encaixa num sítio, procura-se outra até encontrar. Se uma estratégia de resolução não foi bem-sucedida, ensaia-se outra diferente. Se um aluno responde mal a uma pergunta na aula, o professor poderá perceber melhor as suas dificuldades e ajudá-lo a ultrapassá-las. O mesmo se passa durante um treino desportivo. Porquê, então, este receio de errar, tão frequente em crianças, jovens e adultos?
Quando um bebé começa a falar, quem não acha graça às palavras mal pronunciadas, às frases incompletas, em resumo, aos erros que ele comete? Quando uma criança começa a caminhar ou a andar de bicicleta, quem se surpreende se ela cai ou quem a recrimina quando isso acontece? Tentar, errar e voltar a tentar é um processo de aprendizagem natural. Nos exemplos citados, o apoio dos pais e da família são fundamentais para que a aprendizagem se processe de forma saudável e eficaz. À medida que a criança cresce, começa a ser pressionada pela sociedade de competição que a rodeia. O erro passa a equivaler a fracasso, tornando-o mais difícil de aceitar e suportar. Falhar em algo traz à mistura sentimentos pouco agradáveis, como, por exemplo, ansiedade, tristeza, vergonha ou revolta. No entanto, é necessário aprender a lidar com esses sentimentos e a aproveitar os erros para retirar lições, persistir na tarefa e fazer novas aprendizagens.
Olhar para o erro/fracasso como uma derrota é meio caminho andado para o surgimento de outros problemas, desde a baixa da autoestima à desistência. Erros e fracassos deveriam, pelo contrário, ser considerados oportunidades de aprendizagem. Algumas questões importantes se podem colocar com esse objetivo: O que correu mal? O que poderia ter sido feito para o evitar? Se este caminho não foi bem escolhido, quais são as alternativas possíveis? Quais são as vantagens e os inconvenientes de cada uma? Como se pode desdobrar o objetivo que não foi atingido em objetivos intermédios mais exequíveis?
Vejamos dois exemplos diferentes:
- Marisa, de 12 anos, tenta resolver um exercício de Sudoku. Ao fim de algum tempo, não o conseguindo fazer com sucesso, prepara-se para desistir. O pai encoraja-a a continuar. Pede-lhe que lhe explicite o raciocínio que seguiu e, não lhe fornecendo a solução, ajuda-a a encontrar outras pistas. Marisa decide continuar o jogo até o acabar.
- Bruno terminou os exames do 1.º semestre do 1.º ano da universidade. Estudou muito, mas as notas, embora positivas, não correspondem às suas expectativas. Numa primeira análise, considera que não vale a pena estudar. Afinal, tanto esforço para nada. Algum tempo depois, já de cabeça fria, procura analisar o que não correu bem. É verdade que estudou muito, mas apenas no período dos exames. Falharam as revisões regulares ao longo do semestre e as dúvidas surgiram em catadupa durante a maratona de preparação para os exames. Esta reflexão ajuda-o a concluir que será fundamental passar a fazer um estudo mais regular no semestre seguinte e a não baixar o seu grau pessoal de exigência. Dá-lhe ainda motivação para selecionar uma ou duas disciplinas em que, fazendo um esforço suplementar, poderá melhorar as notas nos exames de segunda época.
Diz-se que "errar é humano". Aceitar os erros também o deve ser. Não uma aceitação passiva, mas uma aceitação ativa centrada no desejo de aprender e de melhorar, conjugada com os verbos "analisar", "tentar", "persistir" e "conseguir"."
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