segunda-feira, 4 de julho de 2011

ADD não é prioridade!

Quem o afirma é Nuno Crato. 

E até diz que "o problema da avaliação de professores não é o problema central da educação. Há muitos problemas da educação e mais importantes do que a avaliação de professores."

Gostei do discurso, mas fico para ver a concretização da teoria...


"Nuno Crato fala sobre medidas prioritárias no ensino

Na Feira do Livro do Bombarral, Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência falou sobre ensino para uma plateia de professores e afirmou que a avaliação dos professores não é a prioridade da educação em Portugal.

Convidado como escritor, Nuno Crato, agora Ministro da Educação e da Ciência, falou na Feira do Livro do Bombarral sobre algumas das experiências enquanto estudante.

Experiências que lhe alinham ainda hoje o pensamento e a ação como escritor e que pretende ver na prática como Ministro.

«De facto a aula corria com vivacidade, nós não nos distraímos das coisas que eram essenciais e acabava a horas. Começava a horas e acabava a horas», relembra Nuno Crato.

O Ministro da Educação e Ciência acrescenta que «por isso é que eu nunca percebi muito bem essa ideia de que as aulas para serem divertidas têm de se fazer umas macacadas e tem de se perder muito tempo a fazer umas coisas inúteis, que é melhor não fazer horários e que preciso dar lugar à espontaneidade, e que para o ensino ser interessante é preciso deixar os alunos descobrir por si as coisas de forma totalmente espontânea. Nunca percebi essa ideia. Porque eu tinha um professor que era organizado e ao mesmo tempo era divertido e as aulas faziam-nos pensar e ao mesmo tempo tínhamos imenso respeito por ele».

Nuno Crato fala de Rómulo de Carvalho, um professor que diz: lhe marcou a forma de pensar sobre educação.

«Passados tantos anos, a influência dele leva-me a não perceber porque é que tanta gente faz oposição entre estas duas coisas que é: o ensino ser divertido, os alunos poderem ter uma parte ativa no ensino e ao mesmo tempo haver um professor que lidera a aula e que é organizado. Portanto, como é que as duas coisas não se podem juntar? É uma coisa que eu nunca percebi. E nunca percebi em grande parte porque fui aluno do Rómulo de Carvalho e o Rómulo de Carvalho fazia exatamente as duas coisas, que era um Professor que dirigia a aula mas que nos punha todos a conversar e a pensar», afirma Nuno Crato.

Ser professor e ser aluno, cada um com uma missão, é o que agora Nuno Crato como Ministro da Educação tem como objetivo, pretendendo o envolvimento de todos.

«Não podemos baixar os braços, a nossa sociedade toda não pode baixar os braços. E nós precisamos de dizer, a nossa sociedade tem de dizer: os alunos têm de estudar, os professores têm de ensinar, as aulas são para aprender. Nós precisamos de dizer tudo isso e começar a fazer isso», afirma o Ministro.

Mas Nuno Crato acrescenta ainda que «chegámos a um estado tal que isto é um problema nacional, não é um problema desta escola ou daquela escola, é um problema nacional. Nós não podemos continuar assim».

Esta ideia é reforçada por Nuno Crato, que sublinha que a melhoria do ensino não se centra na avaliação dos professores.

«O problema da avaliação de professores não é o problema central da educação. Há muitos problemas da educação e mais importantes do que a avaliação de professores. O problema central da educação é que os alunos aprendam, é para isso que existem as escolas. É para isso que existem professores e nós vamos fazer todo o possível para ajudar os professores nessa tarefa», afirma o Ministro.

E são várias as medidas que o Ministro pretende tomar, e indica algumas. «Há várias medidas que nós vamos ter de reformular, reformular currículos, vamos ter de centrar a atividade do 2º e 3º Ciclos e sobretudo no 3º Ciclo na matemática e no português, vamos ter de introduzir uma outra avaliação, mais fiável. Há muitas medidas, vamos vendo pouco a pouco», refere.

Sobre os agrupamentos escolares, em curso, Nuno Crato responde. «Vamos estudar as que estão em curso, portanto, os agrupamentos que estão em curso para não prosseguir sem termos estudado exatamente o que queremos fazer. Mas admito que nalguns casos possa haver um retrocesso no sentido de voltarmos a ter mais autonomia de cada escola, em vez de estarmos a agrupá-las. Mas temos de ver caso a caso».

Na área da ciência e da divulgação científica, o novo Ministro faz um balanço positivo das políticas seguidas. «Acho que se fizeram progressos imensos, se há uma coisa que correu bem em Portugal nos últimos 20 ou 30 anos foi a ciência, incluindo a divulgação científica e nós pretendemos prosseguir nesse caminho».

Mas Nuno Crato tem pela frente outro desafio, diminuir o Orçamento do Ministério. Ou seja, onde cortar despesas?

«Não se sabe, mas essa é a má notícia que está subjacente a tudo isto. O nosso país está numa situação económica muito difícil e nós também vamos ter de fazer cortes. O que eu espero é que esses cortes não prejudiquem a educação», afirma o Ministro.

Numa noite dedicada à literatura, o Ministro da Educação e Ciência, falou de algumas das preocupações que tem, já dos professores e encarregados de educação presentes, ouviu sobretudo palavras de apoio e de esperança."
TVCiência


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