quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pois, a Educação Física...

... só serve para estragar a média dos meninos. Quem é que se lembrou de a por a contar para a média? Daqui a pouco ainda vão exigir que a menina estrague uma unha ou que não possa pintar-se a meio da aula...

A ironia não anda assim tão longe da verdade.

Como professor desta área conheço bem casos de quem nada faz e que pede muito na avaliação.

Se um aluno tem dificuldades mas tenta e aplica-se para fazer o melhor que lhe é possível tem uma nota. Se um aluno que nem sequer tenta, queixa-se todas as aulas, apresenta umas desculpas para não se esforçar, etc e tal, tem que ter outra!

Eu não tenho turmas do secundário há muito tempo, pelo que ainda não senti estes casos dos mais "crescidinhos". Mas os colegas que os têm não lhes querem mal, e não atribuem notas para os prejudicar. E são sensíveis às situações em que os alunos têm doenças ou incapacidades. São também sensíveis à perseverança,  empenho, gosto pela superação, dedicação, esforço, educação, comportamento e tudo mais que também está contemplado nos critérios de avaliação da disciplina...

Esta cultura actual de pouco esforço revela-se, e de que maneira, nas aulas de Educação Física. Num exercício de memória vem-me à cabeça os tempos em que era aluno: só não ia à Escola se estivesse mesmo de cama. E não era de cama por uma constipaçãozita ou uma dor de cabeça. Se ficava de cama é porque era mesmo necessário. E só não fazia a parte prática de Educação Física se não fosse à Escola!

Hoje em dia recebo os mais variados recados na caderneta: "passou mal a noite, cansou-se muito no treino, vai ter jogo hoje e não se pode cansar" e outras que tais que, quem é desta área, bem conhece. Há um grande abuso para se fugir ao que não se gosta. Mexam-se: pela vossa saúde! (E neste caso, pela vossa nota!)



"Tem 19 valores só com aulas teóricas

Uma aluna do 10º ano da Escola Dr. João de Brito Camacho, em Almodôvar, viu a nota de Educação Física subir de 17 para 19 valores, após ter recorrido. A estudante é filha da vice-presidente da direcção da escola. A decisão da subida de nota deixou indignados vários professores, que denunciam pressões sobre a docente de Educação Física. Edite Sousa, vice-presidente, garante ao CM que não fez "qualquer pressão" e que se limitou a recorrer, "tal como prevê a lei". "A minha filha é uma aluna como outra qualquer", diz.

A aluna apresentou atestado médico por ser asmática e ficou dispensada da actividade física nos 2º e 3º períodos, tendo sido avaliada pela componente teórica. Teve 14 no 1º período e 16 no 2º, subindo para 19 no final do ano, após o recurso. As notas do 10º ano contam para a média de acesso ao Ensino Superior.

"A asma não é uma doença impeditiva da actividade física, e nas doses certas, até pode minorar o problema", explica ao CM João Lourenço, presidente do Conselho Nacional das Associações de Professores e Profissionais de Educação Física. Sem se pronunciar sobre o caso em concreto, João Lourenço refere que o atestado a declarar que o aluno tem asma "não é suficiente", pois "o médico tem de precisar que tipo de movimentos o aluno não pode fazer. Se não pode fazer qualquer movimento, então fica dispensado de toda a actividade física".

O recurso apresentado pela aluna foi analisado no Conselho de Turma. "Aceitaram subir a nota porque sabiam que, se não o fizessem, o assunto ia a Conselho Pedagógico [CP], e subia à mesma", afirma um docente da escola de Almodôvar. O CP é dirigido pelo director de escola e é formado pelos coordenadores de departamento, escolhidos pelo director."
Correio da Manhã

Abraço!

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