Na continuação da mensagem sobre os "pais trafulheiros" que se "desunham" para inscrever os filhos em Escolas públicas mais "reputadas", surge esta, como se fosse um aviso. Isso de estar numa instituição de Ensino melhor é garante de bons resultados do educando?
Mas se numa escola "menos boa" os alunos são "más companhias" e desencaminham os mais encaminhados, estes últimos têm toda a vantagem de se mudar para uma Escola melhor.
Quantos de nós já pensaram "se me conseguisse livrar deste, daquele e do amigo dele, esta turma ficava muito melhor!"
Um aluno mediano no meio de alunos com piores resultados até pode ter vantagem nas avaliações. Mas depois pode ser "penalizado" num exame nacional... "Em terra de cegos, quem tem olho é Rei".
Andar numa Escola melhor não é, por si só, a salvação. Onde fica o interesse, a vontade de ter sucesso, o empenhamento, a satisfação da superação, a vontade de ser alguém na vida...?
"Uma boa escola não faz um bom aluno
Directores avisam para o perigo de a liberdade de escolha segregar os alunos fracos de um lado e concentrar os bons alunos do outro
Associar o ranking dos exames às boas e más escolas é uma ilusão perversa, avisam directores
Estudar numa escola bem cotada é garantia para um aluno ter boas notas? Há pais que acreditam nisso, mas há também directores que asseguram não ser uma boa escola a fazer a diferença. "Sem esforço e trabalho nenhuma criança ou adolescente vai longe", avisa Rosário Gama, ex-directora da secundária Infanta D. Maria (Coimbra). "Os bons alunos sobrevivem em qualquer escola", defende Armandina Soares, do agrupamento de Vialonga, em Vila Franca de Xira.
É preciso perceber ainda o que é uma boa escola, já que os encarregados de educação têm tendência para se deixarem "iludir com os rankings nacionais", defende Carlos Santos, da secundária Joaquim de Carvalho, na Figueira da Foz, que também está entre as mais bem classificadas: "Os rankings são perversos porque surgem no abstracto e sem contexto." As médias das escolas com base nos exames nacionais só fazem sentido quando são bem explicadas, alerta o director: "Uma escola com mil exames, por exemplo, não pode competir com outra só com 100 provas."
Todos estes argumentos podem ser válidos, mas há uma boa parte dos encarregados de educação que insiste no seu direito em escolher a escola dos seus filhos. Desenvolver "progressivamente" as iniciativas de liberdade de escolha para as famílias face à oferta de ensino público e particular ou cooperativo é, aliás, uma das medidas que constam do programa deste governo.
Neste ponto, porém, nem todos os directores estão em sintonia. Manuel Esperança, director da secundária José Gomes Ferreira (Lisboa) e presidente do Conselho de Escolas, está convencido de que se um estabelecimento de ensino é procurado será sobretudo porque os encarregados de educação reconhecem o mérito. "Tenho, por exemplo, muitos pais que querem pôr os seus filhos nesta escola porque também já foram aqui alunos e já conhecem como é que funcionamos." Daí que defenda que um dos critérios para admitir novos alunos sejam as suas notas, não para os mais novos, mas para os que vão entrar no secundário: "Penso que seria mais justo do que, por exemplo, dar prioridade aos mais velhos, como acontece actualmente."
Armandina Soares alerta para o "perigo" que a liberdade de escolha pode provocar no ensino público, tendo em conta a "tendência de alguns directores" em querer "seleccionar" os melhores alunos: "Isso já acontece actualmente de forma mais ou menos encapotada. Mas, se caminharmos para a liberdade de escolha, esse fenómeno passa a ser a regra." Ao não terem capacidade para responder à procura, os estabelecimentos de ensino mais bem cotados vão passar a seleccionar: "Os pais dos melhores alunos até podem escolher; os restantes serão escolhidos pela escola."
Essa escolha por parte das escolas terá consequências, avisa a directora do agrupamento de escolas de Vialonga: "Os bons vão para um lado, os fracos para o outro; os desprotegidos de um lado, as classes média e alta de outro lado." E é assim que a escola pública vai perder uma das suas grandes virtudes, alerta Armandina Soares: "Corremos o risco de desvalorizar a diversidade social e cultural das escolas." Será uma escola mais pobre, defende Armandina Soares, em que os alunos deixam de ter oportunidade de "aprender e crescer" com a diferença.
Para António Pinto, da secundária D. Sancho I (Famalicão), a liberdade dos pais só pode ser assegurada em função da oferta da rede pública e da racionalização de custos: "As escolas devem ser complementares e a escolha orientada de acordo com os recursos existentes para não se cair no erro de ter um estabelecimento de ensino sobrelotado e outro quase sem turmas."
Abraço!
É preciso perceber ainda o que é uma boa escola, já que os encarregados de educação têm tendência para se deixarem "iludir com os rankings nacionais", defende Carlos Santos, da secundária Joaquim de Carvalho, na Figueira da Foz, que também está entre as mais bem classificadas: "Os rankings são perversos porque surgem no abstracto e sem contexto." As médias das escolas com base nos exames nacionais só fazem sentido quando são bem explicadas, alerta o director: "Uma escola com mil exames, por exemplo, não pode competir com outra só com 100 provas."
Todos estes argumentos podem ser válidos, mas há uma boa parte dos encarregados de educação que insiste no seu direito em escolher a escola dos seus filhos. Desenvolver "progressivamente" as iniciativas de liberdade de escolha para as famílias face à oferta de ensino público e particular ou cooperativo é, aliás, uma das medidas que constam do programa deste governo.
Neste ponto, porém, nem todos os directores estão em sintonia. Manuel Esperança, director da secundária José Gomes Ferreira (Lisboa) e presidente do Conselho de Escolas, está convencido de que se um estabelecimento de ensino é procurado será sobretudo porque os encarregados de educação reconhecem o mérito. "Tenho, por exemplo, muitos pais que querem pôr os seus filhos nesta escola porque também já foram aqui alunos e já conhecem como é que funcionamos." Daí que defenda que um dos critérios para admitir novos alunos sejam as suas notas, não para os mais novos, mas para os que vão entrar no secundário: "Penso que seria mais justo do que, por exemplo, dar prioridade aos mais velhos, como acontece actualmente."
Armandina Soares alerta para o "perigo" que a liberdade de escolha pode provocar no ensino público, tendo em conta a "tendência de alguns directores" em querer "seleccionar" os melhores alunos: "Isso já acontece actualmente de forma mais ou menos encapotada. Mas, se caminharmos para a liberdade de escolha, esse fenómeno passa a ser a regra." Ao não terem capacidade para responder à procura, os estabelecimentos de ensino mais bem cotados vão passar a seleccionar: "Os pais dos melhores alunos até podem escolher; os restantes serão escolhidos pela escola."
Essa escolha por parte das escolas terá consequências, avisa a directora do agrupamento de escolas de Vialonga: "Os bons vão para um lado, os fracos para o outro; os desprotegidos de um lado, as classes média e alta de outro lado." E é assim que a escola pública vai perder uma das suas grandes virtudes, alerta Armandina Soares: "Corremos o risco de desvalorizar a diversidade social e cultural das escolas." Será uma escola mais pobre, defende Armandina Soares, em que os alunos deixam de ter oportunidade de "aprender e crescer" com a diferença.
Para António Pinto, da secundária D. Sancho I (Famalicão), a liberdade dos pais só pode ser assegurada em função da oferta da rede pública e da racionalização de custos: "As escolas devem ser complementares e a escolha orientada de acordo com os recursos existentes para não se cair no erro de ter um estabelecimento de ensino sobrelotado e outro quase sem turmas."
Abraço!
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