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A expressão do título não é uma invenção minha, é de um amigo. Entretanto, considero-a graficamente tão expressiva que já faz parte do meu repertório há algum tempo. Quem quer que tenha entrado numa igreja barroca, certamente reparou que os anjos que lá se encontram só têm rosto e asas. Não possuem corpo. Pois bem, é assim que, muitas vezes, as escolas concebem as crianças. Ou seja, como se elas só tivessem cabeça e como se o corpo, simplesmente, não existisse. Basta observar, com atenção, a maioria dos espaços físicos das escolas. É comum a preocupação em oferecer edifícios modernos, equipamentos de última geração, instalações e mobiliário de primeira categoria, enquanto que os espaços para brincar são, frequentemente, acanhados e até empobrecidos. E, surpreendentemente, quanto menores são as crianças, menor parece ser também a preocupação com estas áreas, já que, com frequência, são ridiculamente inadequadas. É um facto cientificamente comprovado que o desenvolvimento do cérebro é sensível à quantidade e ao tipo de estimulação que o organismo recebe, sobretudo, na infância. Por exemplo, experiências demonstram que ratos que vivem num ambiente experimental complexo, com mais desafios, desenvolvem um maior número de arborizações sinápticas do que os que vivem em ambientes pobres. Por outras palavras, os seus neurónios estabelecem mais conexões com outras células nervosas, formando redes neurais mais intrincadas e extensas. Portanto, a riqueza e diversidade do ambiente refletem-se, de forma salubre e vital, na constituição anatómica do cérebro. Dito de outra forma, o ambiente pode favorecer o desenvolvimento neurológico ou prejudicá-lo. Embora reconhecendo que uma análise crítica rigorosa das áreas de recreação escolar possa gerar, potencialmente, assunto suficiente para encher alguns livros, irei limitar-me a fazer apenas dois breves reparos, referentes aos tipos de piso e à presença da natureza nestes sítios. São raríssimas as escolas que oferecem solo orgânico e irregular nas áreas de recreio. Na infância, as crianças devem poder brincar em terrenos com irregularidades e desníveis, uma vez que estas superfícies favorecem o desenvolvimento do equilíbrio e dos ajustes posturais adaptativos, contribuindo, assim, para uma organização neurológica saudável. O sistema nervoso central precisa de ser desafiado por chão que exija adaptações inesperadas e constantes de postura. No entanto, como a grande maioria das escolas oferece apenas pátios de cimento ou de piso cerâmico, nas áreas de recreação, as crianças só brincam em piso plano e nivelado. Ficam, por isso, e a cada passo, destituídas da oportunidade de traduzir o estímulo do piso em possibilidades de estabilidade. Além disso, as plantas dos pés das crianças mais pequenas precisam de estimulação. Por isso, é importante, durante a infância, andar descalço em solo orgânico, sempre que o clima permita. Tal proporciona o contacto direto com uma diversidade de texturas, densidades, temperaturas e contornos que massajam a planta do pé, à medida que a criança anda. E, como a representação da planta do pé no córtex sensorial é relativamente extensa, em comparação com outras partes do corpo, e suas projeções nervosas para outras áreas também, a estimulação da planta dos pés contribui para manter o tonus cortical ativado. É lamentável que na cultura ocidental, sobretudo nos centros urbanos, as crianças não tenham mais o hábito de andar descalças. Começam muito cedo a usar sapatos, privando, assim, a sola do pé desta estimulação benéfica. Além de possuírem solo orgânico irregular, as áreas de recreação devem ser amplas e desimpedidas, de modo a serem um convite à corrida. Correr é natural da cultura da infância. Se há espaço e se sentem livres, seguros e bem dispostos, os miúdos preferem deslocar-se em grande velocidade. Isso também é importante para o desenvolvimento do equilíbrio, mas há outros benefícios. Sabe-se, por exemplo, que os exercícios aeróbicos são altamente benéficos para o sistema cardiovascular. Além disso, a atividade física vigorosa favorece a produção de substâncias no cérebro denominadas endorfinas, que melhoram a memória, aumentam a resistência, a capacidade do sistema imunológico e a disposição física e mental, além de proporcionar uma sensação de alegria e bem-estar que mantém a mente mais predisposta para aprender. Mas se não há espaço, ou se a área é obstaculizada com excesso de brinquedos que impedem a corrida, as crianças nunca correm, limitando-se a andar ou brincar no mesmo lugar. O segundo aspeto sobre o qual eu gostaria de refletir é a importância da presença da natureza no lugar onde as crianças brincam, isto é, onde elas possam manusear as pedrinhas, sementes e amêndoas, apalpar as diferentes texturas das ervas, cavar na terra, juntar gravetos e tocos, aspirar os diferentes aromas, caminhar sob as sombras de árvores e observar os insetos em seu habitat. Brincar na Natureza e com a Natureza precisam de estar presentes nas escolas. Contudo, não é isso que, com frequência, acontece. Não seria exagero afirmar que a maioria das escolas impõe às crianças um regime de apartheid ou de segregação com a Natureza. Raramente se vê nos espaços de recreio árvores e plantas e, quando as há, geralmente encontram-se em vasos ou fazem parte de algum jardim ou de um canteiro, onde não se pode nem pensar em pisar. E o que dizer de escolas que têm pátios com relva sintética? Que horror! Será que ninguém se pergunta que conceção de educação e de criança se esconde por trás desses quadros deprimentes? A única conclusão lógica a que se pode chegar, a meu ver, é a seguinte: que escolas destituídas de natureza e que oferecem apenas recreação em betão, com pátios cimentados, pisos planos, paredes monocromáticas, espaços mal ventilados e janelas altas ou cobertas que, muitas vezes, não permitem ver o lado de fora e até obrigam à substituição da iluminação do sol pela luz elétrica, revelam uma forma subtil de depreciação. Por outras palavras, desprezam a Natureza ou, na melhor das hipóteses, tratam com indiferença perversa a relação da criança com a Natureza. É bem verdade que nos últimos anos se tem ouvido falar muito da chamada educação ambiental, mas que ilusão! Na educação fabril de anjos barrocos isto não passa de uma disciplina quimérica, que aborda o assunto por meio de livros e de aulas teóricas, e que pretende que as crianças aprendam sobre a Natureza, ouvindo palestras, assistindo a vídeos, apresentações de PowerPoint e observando fotografias. Chega a ser burlesco! Como se pode esperar que as crianças aprendam a respeitar o que não conhecem intimamente?" |
terça-feira, 31 de maio de 2011
Um olhar sobre o espaço das Escolas
Aluno Filósofo
Mais um aluno de parabéns. Filósofo e empreendedor, meteu mão à obra e criou uma delegação nacional para representação do país nestas Olimpíadas.
E é necessário mostrar o que temos de bom, já chega de tanto "deita abaixo", com tudo o que está mal. Olhar os casos positivos como meio de inspiração para nos levar a fazer cada vez mais melhor.
"Educação: Aluno português ganha medalha de prata nas Olimpíadas Internacionais de Filosofia
Lisboa, 31 mai (Lusa) -- Um aluno português conquistou uma medalha de prata na 19.ª Olimpíada Internacional da Filosofia, em Viena, onde concorreu por iniciativa própria, contando apenas com o apoio de um professor, já que a prova não se realiza em Portugal.
José Gusmão Rodrigues é aluno do 12.º ano na Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, mas frequenta já algumas cadeiras de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa por ter revelado, desde os 13 anos, uma aptidão "excecional" para a filosofia, contou hoje à agência Lusa o professor Domingos Diogo Correia, que o acompanhou a Viena.
Foi o próprio aluno que, ao ter conhecimento das Olimpíadas de Filosofia, "se pôs a pesquisar na Internet" e conseguiu autorização para, com o professor de há dois anos, constituir uma delegação nacional e apresentar-se em prova, revelou o docente."
Abraço!
E é necessário mostrar o que temos de bom, já chega de tanto "deita abaixo", com tudo o que está mal. Olhar os casos positivos como meio de inspiração para nos levar a fazer cada vez mais melhor.
"Educação: Aluno português ganha medalha de prata nas Olimpíadas Internacionais de Filosofia
Lisboa, 31 mai (Lusa) -- Um aluno português conquistou uma medalha de prata na 19.ª Olimpíada Internacional da Filosofia, em Viena, onde concorreu por iniciativa própria, contando apenas com o apoio de um professor, já que a prova não se realiza em Portugal.
José Gusmão Rodrigues é aluno do 12.º ano na Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, mas frequenta já algumas cadeiras de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa por ter revelado, desde os 13 anos, uma aptidão "excecional" para a filosofia, contou hoje à agência Lusa o professor Domingos Diogo Correia, que o acompanhou a Viena.
Foi o próprio aluno que, ao ter conhecimento das Olimpíadas de Filosofia, "se pôs a pesquisar na Internet" e conseguiu autorização para, com o professor de há dois anos, constituir uma delegação nacional e apresentar-se em prova, revelou o docente."
Abraço!
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Cyberbullying
Já devem ter uma ideia do que é só pelo nome. Do "cyber" tiram logo a ideia de "tecnológico, informático" e do "bullying" já ouviram falar.
Assim, cyberbullying "é um ato agressivo intencional perpetrado através do recurso a dispositivos eletrónicos de comunicação, como a Internet e o telemóvel", nas palavras de Armanda Matos, investigadora na área da educação para os media e das tecnologias da informação e comunicação, nesta entrevista ao educare.
Muito "simplificadamente" difere do bullying pois sai da escola e acompanha sempre a pessoa.
As novas tecnologias estão aí para o bem e para o mal. A supervisão parental assume um papel muito importante, pois os miúdos podem não saber como se defender destas formas de agressão.
O filho fechado no quarto não está seguro. Os "males" não estão só na rua...
Assim, cyberbullying "é um ato agressivo intencional perpetrado através do recurso a dispositivos eletrónicos de comunicação, como a Internet e o telemóvel", nas palavras de Armanda Matos, investigadora na área da educação para os media e das tecnologias da informação e comunicação, nesta entrevista ao educare.
Muito "simplificadamente" difere do bullying pois sai da escola e acompanha sempre a pessoa.
As novas tecnologias estão aí para o bem e para o mal. A supervisão parental assume um papel muito importante, pois os miúdos podem não saber como se defender destas formas de agressão.
O filho fechado no quarto não está seguro. Os "males" não estão só na rua...
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Educação Finaceira
Já aqui tinha falado, e mesmo defendido, da necessidade de uma disciplina (ou, pelo menos, da inclusão nos programas) de educação Financeira.
Coisa simples como preencher um cheque, saber comparar preços, gerir o dinheiro da mesada, entre outros.
Espero que esta medida seja o primeiro passo e que tenha sucesso:
"Ministério da Educação
Educação Financeira – Estratégia de Intervenção no Sistema Educativo
O Ministério da Educação, representado pela Ministra Isabel Alçada, e o Banco de Portugal, representado pelo seu Governador, Carlos da Silva Costa, assinaram hoje o protocolo Educação Financeira – Estratégia de Intervenção no Sistema Educativo.
O documento estabelece os termos e condições de colaboração entre o Ministério da Educação e o Banco de Portugal, com vista à definição de um referencial de Educação Financeira na educação pré-escolar, nos ensinos básico e secundário e na educação e formação de adultos. O protocolo tem ainda por objectivo estabelecer uma regulação das condições para a participação das instituições de crédito, sociedades financeiras e suas associações nas iniciativas de Educação Financeira em espaço escolar.
No âmbito desta parceria, o Ministério da Educação fica incumbido, entre outras matérias, de organizar documentos de apoio à Educação Financeira que permitam aos alunos e formandos ter contacto com matérias como os produtos financeiros básicos, o planeamento e gestão de um orçamento, a prevenção de riscos, a poupança e o endividamento.
O Ministério da Educação e o Banco de Portugal comprometem-se ainda a elaborar um código de conduta destinado a enquadrar a participação das instituições de crédito, das sociedades financeiras e das respectivas associações nas iniciativas de Educação Financeira em espaço escolar.
O protocolo hoje assinado é válido por um período de três anos e poderá ser renovado por iguais e sucessivos períodos de tempo."
Abraço!
Coisa simples como preencher um cheque, saber comparar preços, gerir o dinheiro da mesada, entre outros.
Espero que esta medida seja o primeiro passo e que tenha sucesso:
"Ministério da Educação
Educação Financeira – Estratégia de Intervenção no Sistema Educativo
O Ministério da Educação, representado pela Ministra Isabel Alçada, e o Banco de Portugal, representado pelo seu Governador, Carlos da Silva Costa, assinaram hoje o protocolo Educação Financeira – Estratégia de Intervenção no Sistema Educativo.
O documento estabelece os termos e condições de colaboração entre o Ministério da Educação e o Banco de Portugal, com vista à definição de um referencial de Educação Financeira na educação pré-escolar, nos ensinos básico e secundário e na educação e formação de adultos. O protocolo tem ainda por objectivo estabelecer uma regulação das condições para a participação das instituições de crédito, sociedades financeiras e suas associações nas iniciativas de Educação Financeira em espaço escolar.
No âmbito desta parceria, o Ministério da Educação fica incumbido, entre outras matérias, de organizar documentos de apoio à Educação Financeira que permitam aos alunos e formandos ter contacto com matérias como os produtos financeiros básicos, o planeamento e gestão de um orçamento, a prevenção de riscos, a poupança e o endividamento.
O Ministério da Educação e o Banco de Portugal comprometem-se ainda a elaborar um código de conduta destinado a enquadrar a participação das instituições de crédito, das sociedades financeiras e das respectivas associações nas iniciativas de Educação Financeira em espaço escolar.
O protocolo hoje assinado é válido por um período de três anos e poderá ser renovado por iguais e sucessivos períodos de tempo."
Abraço!
domingo, 29 de maio de 2011
País deve funcionar como uma orquestra
É claro que sim: todos afinadinhos, cada um a fazer o que deve fazer e todos juntos por um bem comum.
E que tal dizermos que o governo deve funcionar como uma orquestra? O problema é que estes últimos concertos têm sido maus para os ouvidos, a desafinação é enorme, trabalham todos para o bem deles e não fazem ideia do que andam a fazer (ou sabem e não se interessam pelas consequências)...
"País deve funcionar como uma orquestra - Ministra da Educação
De Francisco Fontes (LUSA)
A ministra da Educação comparou hoje uma orquestra àquilo que deve estar presente no desenvolvimento do país, uma unidade de esforços que supera a mera soma individual.
Isabel Alçada, que ao princípio da noite de hoje encerrou em Coimbra o "Mima", o encontro regional do Centro de escolas de música, salientou que uma orquestra "é o exemplo de trabalho individual que produz trabalho coletivo que supera em muito" a junção dos esforços de cada um.
Na sua perspetiva, cada um, no seu desenvolvimento pessoal, e na sua autonomia "leva mais longe o resultado"."
Abraço!
E que tal dizermos que o governo deve funcionar como uma orquestra? O problema é que estes últimos concertos têm sido maus para os ouvidos, a desafinação é enorme, trabalham todos para o bem deles e não fazem ideia do que andam a fazer (ou sabem e não se interessam pelas consequências)...
"País deve funcionar como uma orquestra - Ministra da Educação
De Francisco Fontes (LUSA)
A ministra da Educação comparou hoje uma orquestra àquilo que deve estar presente no desenvolvimento do país, uma unidade de esforços que supera a mera soma individual.
Isabel Alçada, que ao princípio da noite de hoje encerrou em Coimbra o "Mima", o encontro regional do Centro de escolas de música, salientou que uma orquestra "é o exemplo de trabalho individual que produz trabalho coletivo que supera em muito" a junção dos esforços de cada um.
Na sua perspetiva, cada um, no seu desenvolvimento pessoal, e na sua autonomia "leva mais longe o resultado"."
Abraço!
Reformas de junho - Professores e Educadores
Desta vez chega um pouco mais tarde, mas chega.
Já está disponível há algum tempo, mas, como sabem, a minha vida anda um pouco alterada e não consigo fazer tudo o que quero quando quero...
Estes colegas deixam as Escolas em junho:
Abraço!
Já está disponível há algum tempo, mas, como sabem, a minha vida anda um pouco alterada e não consigo fazer tudo o que quero quando quero...
Estes colegas deixam as Escolas em junho:
Abraço!
sábado, 28 de maio de 2011
Porque temos mesmo que estar sempre a aprender!
E não é preciso mais um mestrado, seguido de doutoramento e depois de um curso qualquer conseguido lá por fora...
O "sempre a aprender" é possível na escola, enquanto trabalhamos e reflectimos sobre o nosso trabalho. Continuamos Professores mas não deixamos de aprender.
E há uma frase, que não pode ser levada muito à letra, que costumo adoptar (não é original minha, mas não me recodo do nome da pessoa que a usava também muito): Pedagógico é o que resulta! Tenta-se, "retenta-se", "re-re-tenta-se" e lá se aprende qualquer coisa, nem que seja o que não resulta...
* Teresa Martinho Marques
Ela aproximou-se de mim no final da aula e disse: "De tudo o que andamos agora a fazer nas aulas quando resolvemos problemas, o que mais me tem ajudado é aquela coisa da professora estar sempre a dizer e a mostrar que temos de usar a nossa inteligência natural para os resolver! Já estou melhor a resolvê-los e já nem tenho tanto medo!”
Há uns anos li um livro de John Holt que marcou indelevelmente o meu caminho (How children fail – Dificuldades de aprendizagem, Ed. Presença). Entre muitas coisas escritas nos anos 60, mas com preocupaçãoes tão atuais como as de hoje, uma história prendeu-me. Essa história foi, por sua vez, retirada por John de um outro livro (James Herndon – How to survive in your native land) e estava num capítulo intitulado “A turma burra”. Esse capítulo dizia respeito a uma turma, que James lecionava, constituída por crianças do 1.º Ciclo incapazes de aprender e, sobretudo, a um rapaz que parecia ser o mais burro da turma burra. Era descrito como absolutamente irrecuperável e incapaz para qualquer trabalho escolar. Um dia, James encontrou-o numa pista de bowlinganotando os resultados oficiais em torneios exigentes. Apontava as sobras, os plenos e havia sido contratado por trabalhar rapidamente e com precisão. Ninguém toleraria erros nesses torneios e ele não os cometia. Então James decidiu propor-lhe, na escola, alguns problemas sobre bowling... e ele não foi capaz de os resolver! As respostas, mais do que erradas, eram completamente absurdas.
Ao longo dos meus muitos anos de ensino não foram raras as vezes em que senti muitas crianças dentro da sala de aula completamente afastadas da realidade e da sua inteligência natural (aquela que usam no mundo fora da escola) quando resolviam problemas simples. Que idade tem a menina? 95 anos... Quantos meninos foram no autocarro? 18,25... Quanto aumentou a menina de peso dos 10 para os 11 anos? 380 kg... Tudo é respondido com naturalidade, vira-se costas depois de responder, não se pensa mais nisso. Acreditamos que, pelo simples facto de colocarmos “coisas reais” nos problemas matemáticos, tudo se torna mais próximo do real e da vida. Não é assim e tudo isto merece(ria) um olhar profundo e atento. Que efeito tem este corropio na escola, que parece estar tão distante da vida mesmo quando fingimos que é da vida que falamos? Quando lhes conto estas histórias de respostas absurdas (faço-o nas aulas como estratégia) eles riem-se e são capazes de identificar o erro. Avaliam sem qualquer problema a razoabilidade de um resultado se não se sentirem ameaçados por esse problema. Mas, curiosamente, ao resolverem um problema parecido... distanciam-se dessa sua já provada competência e cometem os mesmos erros de que se riram antes.
Muito antes de apelar para os caminhos e soluções matemáticas, encaminho as crianças para a confiança no seu julgamento, na sua inteligência natural. Muitas reagem positivamente e os efeitos são visíveis. É preciso resolver muitos problemas de todos os tipos e feitios (podem – e devem – nem sequer estar próximos do real, porque a abstração tem um papel muito importante no seu desenvolvimento) e levá-los a pensar em voz alta sobre eles. Matar a vergonha, o medo de se exporem, levá-los a virarem-se do avesso com gosto, tornando os cérebros transparentes e capazes de mostrar a forma como pensam, é fundamental e a recompensa é imensa. Mais do que encontrar respostas rápidas e precipitadas para se verem livres do “bicho” sem dor, ou engolirem o óleo de fígado de bacalhau de nariz tapado e olhos fechados, passam gradualmente de “a resposta é” para “eu faria assim e assim e depois assim e então calculava... e depois ia verificar se tinha razão com uma conta ou medição ou se tinha lógica!”
Quando, numa universidade, olhamos para vários exames de alunos (mais de 50% numa turma) onde é solicitado que determinem graficamente (desenhando) um ângulo cuja medida da amplitude é, nesse desenho, visivelmente inferior a 20º e, depois, o têm de fazer analiticamente (recorrendo a cálculos) obtendo valores próximos dos 90º e assumindo, sem crítica, essa resposta como válida (mesmo tendo a possibilidade de comparar o ângulo desenhado com os valores obtidos)... sabemos que algo de (muito) grave se passa.
Por onde começar? Confiar nas crianças e jovens, levá-los a confiar em si, apoiá-los e ajudá-los a (re)encontrar a inteligência natural que parece desaparecer, como que por triste magia, no território distante, isolado, quantas vezes estéril e insondável, a que chamamos escola.
* EB 2,3 de Azeitão e CCTIC – ESE/IPS: http://projectos.ese.ips.pt/cctic/ e http://eduscratch.dgidc.min-edu.pt/
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Isabel Alçada: "Cedo descobri o lado bom das aulas"
Isto deve ser do tempo em que eramos "Srs. Professores", e juntamente com o Padre e o Médico da Vila formavamos o grupo mais respeitado na comunidade.
Se eu tenho boas memórias da minha Educação? Sim, muitas (pois, a mim não me entrevistaram, não sou famoso). Os colegas, as aventuras, a minha Professora Primária (isso do 1º ciclo não é da minha altura), um ou outro professor que transmitia o conhecimento de um modo que nem parecia uma aula e outras mais.
Lembro-me de ser dos primeiros a acabar os exercícios na primária. Quem acabava ia para junto do quadro e havia uma competição saudável entre nós para ver quem lá chegava primeiro. Mas, mais do que o prazer de conseguir fazer, gostava muito da parte em que a Professora nos permitia ir ajudar os colegas que estavam mais atrasados.
Pensando agora bem nisto, pode muito bem ter sido o primeiro passo para a escolha da minha profissão... Se calhar mais valia ter levado com um tijolo na cabeça e começar a pensar ser engenheiro civil :)
A entrevista da ministra ao Educare:
Se eu tenho boas memórias da minha Educação? Sim, muitas (pois, a mim não me entrevistaram, não sou famoso). Os colegas, as aventuras, a minha Professora Primária (isso do 1º ciclo não é da minha altura), um ou outro professor que transmitia o conhecimento de um modo que nem parecia uma aula e outras mais.
Lembro-me de ser dos primeiros a acabar os exercícios na primária. Quem acabava ia para junto do quadro e havia uma competição saudável entre nós para ver quem lá chegava primeiro. Mas, mais do que o prazer de conseguir fazer, gostava muito da parte em que a Professora nos permitia ir ajudar os colegas que estavam mais atrasados.
Pensando agora bem nisto, pode muito bem ter sido o primeiro passo para a escolha da minha profissão... Se calhar mais valia ter levado com um tijolo na cabeça e começar a pensar ser engenheiro civil :)
A entrevista da ministra ao Educare:
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quinta-feira, 26 de maio de 2011
Eu, com Muito Bom, me confesso
Um colega (podem ver aqui) deu-se ao trabalho e fez este quadro que compara as avaliações presentes nestas listas com as do ano passado:
Uns chamam-lhes oportunistas, outros desleais, outros sei lá o quê.
No entanto o número de avaliados com muito bom e excelente tem aumentado e com isso conseguem melhorar a sua graduação.
Eu assumo que pertenço ao grupo dos avaliados com muito bom no ano passado e sem vergonha de o assumir.
Gosto de ver o meu trabalho reconhecido e esta foi uma forma. Agora se é justa é outra história...
Há quem tenha sido vítima das cotas e não conseguiu o mesmo que eu e há quem diz não se ter "vendido" e não pediu, por convicção, aulas assistidas.
Não gosto de ser chamado "traidor" quando fiz mais do que muitos e saí benefíciado com isso. Processem-me... mas estava farto de sermos todos "bons" quando existiam diferenças abismais entre nós.
Não pedir aulas assistidas como protesto é um direito, mas será que é a melhor forma de mostrar o seu desagrado?
E no meio destes há quem não queira ter trabalho, há quem prefira dizer mal dos outros, há quem pediu e não teve grande avaliação e agora inveja quem teve...
Eu, dentro da lei (se é justa ou não é outro assunto), procedi desta forma: não sou "chico-esperto", sou um professor que trabalha e gosta de ver o trabalho reconhecido. Infelizmente tem que ser desta forma... nas condições que tinha no ano passado fui muito bom. Este ano posso ser uma vítima das cotas, mas tenho a certeza que não regredi e continuo um muito bom trabalho (desculpem-me a imodéstia)!
Não sou excelente nem muito bom. Mas sou melhor do que muitos bons que vi serem atribuídos e isso também não é justo! Mal por mal, fico com o muito bom!
(É desta que vão chover comentários?)
Abraço!
Uns chamam-lhes oportunistas, outros desleais, outros sei lá o quê.
No entanto o número de avaliados com muito bom e excelente tem aumentado e com isso conseguem melhorar a sua graduação.
Eu assumo que pertenço ao grupo dos avaliados com muito bom no ano passado e sem vergonha de o assumir.
Gosto de ver o meu trabalho reconhecido e esta foi uma forma. Agora se é justa é outra história...
Há quem tenha sido vítima das cotas e não conseguiu o mesmo que eu e há quem diz não se ter "vendido" e não pediu, por convicção, aulas assistidas.
Não gosto de ser chamado "traidor" quando fiz mais do que muitos e saí benefíciado com isso. Processem-me... mas estava farto de sermos todos "bons" quando existiam diferenças abismais entre nós.
Não pedir aulas assistidas como protesto é um direito, mas será que é a melhor forma de mostrar o seu desagrado?
E no meio destes há quem não queira ter trabalho, há quem prefira dizer mal dos outros, há quem pediu e não teve grande avaliação e agora inveja quem teve...
Eu, dentro da lei (se é justa ou não é outro assunto), procedi desta forma: não sou "chico-esperto", sou um professor que trabalha e gosta de ver o trabalho reconhecido. Infelizmente tem que ser desta forma... nas condições que tinha no ano passado fui muito bom. Este ano posso ser uma vítima das cotas, mas tenho a certeza que não regredi e continuo um muito bom trabalho (desculpem-me a imodéstia)!
Não sou excelente nem muito bom. Mas sou melhor do que muitos bons que vi serem atribuídos e isso também não é justo! Mal por mal, fico com o muito bom!
(É desta que vão chover comentários?)
Abraço!
Listas de Ordenação Provisória já disponíveis
Mas que competência (queria eu!): ainda agora foram validadas as candidaturas e já estão disponíveis as listas provisórias.
Até aqui tudo bem.
Nos entretantos já me chegaram ao ouvido algumas "reclamações" sobre a avaliação acumulada (com a do ano anterior ou por ser feita duas vezes) que ainda não consegui esclarecer.
Vou tentar debruçar-me sobre o assunto hoje mais para o fim da tarde, mas, como já sabem, a parentalidade do Professor Raro pode não o permitir... Uma é complicado, duas...
E ainda vos dou uma ajuda: quem não conseguir aceder com o Internet Explorer tente o Google Chrome, foi assim que consegui. Se clicarem aqui podem ter sorte e conseguir entrar.
Abraço!
Até aqui tudo bem.
Nos entretantos já me chegaram ao ouvido algumas "reclamações" sobre a avaliação acumulada (com a do ano anterior ou por ser feita duas vezes) que ainda não consegui esclarecer.
Vou tentar debruçar-me sobre o assunto hoje mais para o fim da tarde, mas, como já sabem, a parentalidade do Professor Raro pode não o permitir... Uma é complicado, duas...
E ainda vos dou uma ajuda: quem não conseguir aceder com o Internet Explorer tente o Google Chrome, foi assim que consegui. Se clicarem aqui podem ter sorte e conseguir entrar.
Abraço!
Bullying? Ou agressão?
E está de novo na moda, mais uma vez pelas piores razões.
O vídeo é chocante, ou melhor, a atitude de todos os intervenientes é chocante, desde dos que filmam, aos que riem à gargalhada, dos que nada fazem para evitar a agressão às agressoras.
Os quatro canais deram (dão ainda) um enorme destaque, não só nos blocos de informação. Todos condenam, vários especialistas dizem de sua justiça.
Mas foi mesmo uma situação de bullying?
Já referi aqui anteriormente, num tempo em que o tema esteve também na moda, que para ser bullying as agressões têm que ser continuadas, ao longo de um período de tempo:
"Conjunto de maus-tratos, ameaças, coacções ou outros actos de intimidação física ou psicológica exercido de forma continuada sobre uma pessoa considerada mais fraca ou mais vulnerável."
Não estou a tentar "abafar" a importância da notícia/acto, mas é de salientar que os meios de comunicação social deviam ter mais cuidado com o que chamam "às coisas". Só por ser um termo estrangeiro na moda não quer dizer que possa ser aplicado indiscriminadamente...
A TV é a "educadora" de muita gente. Se aparece na televisão é verdade... e se aparece em todas mais verdade é... é como a mentira que tantas vezes é repetida que se torna verdade!
Abraço!
O vídeo é chocante, ou melhor, a atitude de todos os intervenientes é chocante, desde dos que filmam, aos que riem à gargalhada, dos que nada fazem para evitar a agressão às agressoras.
Os quatro canais deram (dão ainda) um enorme destaque, não só nos blocos de informação. Todos condenam, vários especialistas dizem de sua justiça.
Mas foi mesmo uma situação de bullying?
Já referi aqui anteriormente, num tempo em que o tema esteve também na moda, que para ser bullying as agressões têm que ser continuadas, ao longo de um período de tempo:
"Conjunto de maus-tratos, ameaças, coacções ou outros actos de intimidação física ou psicológica exercido de forma continuada sobre uma pessoa considerada mais fraca ou mais vulnerável."
A TV é a "educadora" de muita gente. Se aparece na televisão é verdade... e se aparece em todas mais verdade é... é como a mentira que tantas vezes é repetida que se torna verdade!
Abraço!
terça-feira, 24 de maio de 2011
Resultados iguais com menos recursos?
No site da Porto Editora, Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), e Pedro Araújo, vogal de direção, deram uma entrevista sobre a educação neste país.
É longa, pelo que não a transcrevo por completo.
"Manuel Pereira e Pedro Araújo, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, aplaudem chumbo da oposição à reorganização curricular do ensino básico.
É longa, pelo que não a transcrevo por completo.
"Manuel Pereira e Pedro Araújo, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, aplaudem chumbo da oposição à reorganização curricular do ensino básico.
Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), e Pedro Araújo, vogal de direção, são unânimes em concordar que a reorganização curricular do ensino básico resultava apenas de restrições orçamentais, com claro prejuízo para as escolas e influência nos resultados dos alunos."
Podem ler tudo aqui.
Abraço!
As preocupações de Albino Almeida
Albino Almeida, como sabem, é o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP). Diz-se apreensivo com a preparação do próximo ano letivo e deu uma entrevista ao Educare.
Este senhor defende a sua dama e nem sempre (se calhar quase nunca) tem a minha concordância. Parece-me que a sua visão é estarmos na Escola para servir os pais/alunos e o resto é conversa... mas posso estar errado.
“É preciso distância histórica para um balanço
Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), continua apreensivo com a preparação do próximo ano letivo. Defende diálogo e mais diálogo entre todos os níveis de ensino para que a reestruturação do sistema educativo atinja os objetivos pedagógicos.
Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), está preocupado com a suspensão da revisão curricular e com a não alteração do orçamento. A preparação do próximo ano escolar, com um governo demissionário, também lhe causa alguma apreensão. "Antevemos sérios problemas", adianta.
Na sua opinião, as autarquias, no seu geral, estão a fazer um bom trabalho na área educativa. Mas lembra que as câmaras com mais dinheiro poderão ter mais qualidade no desempenho das tarefas educativas do que as que têm menos recursos. O prato da balança poderá não estar equilibrado.
O encerramento de escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico com menos de 21 alunos é digerido como um caminho para investir em centros escolares qualificados. De qualquer forma, o porta-voz da CONFAP refere que ainda é cedo para fazer um balanço do desempenho do ministério liderado por Isabel Alçada e defende que os parceiros educativos devem continuar a identificar "boas práticas e processos de melhoria e aprofundamento de várias políticas lançadas na anterior legislatura".
Em média, há um pai participante ativo na vida escolar por cada 15 alunos. Albino Almeida realça o envolvimento de quem tem a tarefa de educar e está convencido de que o aumento da escolaridade potenciará uma intervenção mais qualificada dos pais e encarregados de educação."
Podem ler tudo no Educare.
Abraço!
Este senhor defende a sua dama e nem sempre (se calhar quase nunca) tem a minha concordância. Parece-me que a sua visão é estarmos na Escola para servir os pais/alunos e o resto é conversa... mas posso estar errado.
“É preciso distância histórica para um balanço
Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), continua apreensivo com a preparação do próximo ano letivo. Defende diálogo e mais diálogo entre todos os níveis de ensino para que a reestruturação do sistema educativo atinja os objetivos pedagógicos.
Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), está preocupado com a suspensão da revisão curricular e com a não alteração do orçamento. A preparação do próximo ano escolar, com um governo demissionário, também lhe causa alguma apreensão. "Antevemos sérios problemas", adianta.
Na sua opinião, as autarquias, no seu geral, estão a fazer um bom trabalho na área educativa. Mas lembra que as câmaras com mais dinheiro poderão ter mais qualidade no desempenho das tarefas educativas do que as que têm menos recursos. O prato da balança poderá não estar equilibrado.
O encerramento de escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico com menos de 21 alunos é digerido como um caminho para investir em centros escolares qualificados. De qualquer forma, o porta-voz da CONFAP refere que ainda é cedo para fazer um balanço do desempenho do ministério liderado por Isabel Alçada e defende que os parceiros educativos devem continuar a identificar "boas práticas e processos de melhoria e aprofundamento de várias políticas lançadas na anterior legislatura".
Em média, há um pai participante ativo na vida escolar por cada 15 alunos. Albino Almeida realça o envolvimento de quem tem a tarefa de educar e está convencido de que o aumento da escolaridade potenciará uma intervenção mais qualificada dos pais e encarregados de educação."
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Abraço!
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