Com os "mega" já não é fácil. Com os "super-hiper-mega" só mesmo um superdirector!
Basta ser diplomata, gestor, advogado, professor, avaliador, atento, concentrado, capaz de delegar funções, malabarista...
"Procuram-se superdirectores. Gerir os novos agrupamentos não é para qualquer umQuem quer ocupar o lugar de director de um dos 84 novos agrupamentos? Os concursos públicos começaram agora a ser lançados, mas só ambição e boa vontade não chegam para liderar um novo modelo de gestão escolar inaugurado este ano lectivo. Se julga que um bom director é aquele que acompanha os professores diariamente, reconhece as caras dos alunos e funcionários ou está sempre disponível para os encarregados de educação, então, está pronto para o fracasso.
Gerir um dos novos reagrupamentos de escolas não é como estar à frente de um jardim-de-infância nem tão pouco de uma primária ou secundária com algumas centenas de alunos. "A gestão de proximidade perde-se quase completamente" a partir do momento em que a fusão de escolas dá lugar a um megagrupamento, conta a presidente da comissão administrativa provisória do agrupamento de Escolas Laura Ayres, em Loulé.
O novo director terá de ser uma espécie de superadministrador/gestor/professor sempre actualizado sobre tudo o que acontece com os milhares de alunos e centenas professores e funcionários de quatro, cinco ou até mais escolas de todos os níveis de ensino. Só assim será capaz de "gerir conflitos, gerar consensos, supervisionar e avaliar todas as mudanças" que implicam esta nova forma de encarar o ensino, adverte José Guilherme Azevedo, do agrupamento de Escolas da Senhora da Hora, em Matosinhos.
Passar o testemunhoEste é o aviso que os presidentes das comissões administrativas provisórias (CAP) deixam aos que se candidatam ao lugar que ocuparam durante o último ano. Eles, melhor do que quaisquer outros, sabem do que estão a falar. Foram os primeiros a assumir a gestão dos novos agrupamentos e durante um ano estiveram a preparar a fusão destas escolas. Uniformizaram práticas, documentos, critérios de avaliação, processos pedagógicos e outras burocracias que antes eram diferentes em cada estabelecimento de ensino. Construíram novas bases de dados para alunos, docentes e funcionários. Fundiram serviços administrativos e juntaram departamentos disciplinares que passaram a ter 60, 70 ou mais professores. Tudo isso ficou concluído e, agora, é tempo de dar lugar aos novos directores que terão de ser eleitos até ao fim deste mês.
Só que, para substituir as comissões administrativas provisórias, não basta ser um "bom professor" preocupado apenas com o desempenho dos seus alunos, avisa Guilherme de Azevedo. "Larga experiência em administração de escolas" é virtude obrigatória para quem tem de gerir fontes de financiamentos que passam a chegar não só do Ministério da Educação como das autarquias. Treino em gestão de recursos humanos é também condição indispensável para esta geração de directores que terá de administrar recursos humanos que duplicaram ou triplicaram com o reagrupamento dos estabelecimentos de ensino.
E, mais importante, esclarece Conceição Morgado, exige-se de um director "criatividade e engenho" para, perante a crise económica, "fazer o essencial com menos", sabendo que os orçamentos vão ser mais apertados no próximo ano lectivo, que as equipas de direcção e de professores vão ser mais reduzidas e que "os alunos carenciados aumentam todos os dias", defende a presidente da CAP no agrupamento Dra. Laura Ayres.
São muitos osdesafios que o próximo director tem pela frente, explica Conceição Morgado. O maior de todos passa por construir um projecto educativo que não esqueça nenhuma das diferentes escolas que foram reagrupadas: "Não será fácil gerir as finanças e as políticas pedagógicas num mundo tão diverso sem marginalizar ninguém." Cada escola tem as suas características, uma história e práticas próprias e o "director deve ser capaz de reconhecer e organizar esse sistema cultural, sabendo que o essencial, são os alunos", defende Vítor Bento, do Agrupamento Dr. Ginestal Machado, em Santarém.
Saber governar é saber delegarÉ uma missão ambiciosa, mas será que esta nova geração de directores está condenada a trabalhar noite e dia para conseguir governar um megagrupamento? Nada de exageros, avisa o presidente da CAP do Agrupamento de Escolas Padre António Martins Oliveira (Faro). "Não é tanto o volume de trabalho que está em causa se um director souber delegar competências na sua equipa e criar estruturas intermédias."
Mais do que a obsessão de estar em todo o lado será preciso uma "enorme capacidade" para detectar quase em tempo real o que está a funcionar e o que não está a funcionar, conta Eduardo Brito Luís: "Muitas vezes, o grão na engrenagem deriva da dificuldade em fazer fluir a comunicação que dificilmente chega inteira a todas as escolas." É por isso que os agrupamentos que juntam todos os níveis de ensino só fazem sentido se existir proximidade entre os edifícios: "Quanto mais perto estiverem as escolas, menos difícil será para um director encontrar uma estratégia pedagógica coerente."
Só que, mesmo que as estruturas intermédias funcionem, que a comunicação chegue intacta a todos os professores, alunos, funcionários e encarregados de educação, que tudo corra sobre rodas, ficará sempre um gosto amargo de quem não se habitua aos tempos de mudança que entraram nos novos agrupamentos de escolas. A urgência de estar em todas as escolas, de "sentir o pulso" do que acontece todos os dias nunca será satisfeita. "O profundo incómodo de não conseguir atribuir um rosto a cada nome (são muitos!)" será a maior angústia do novo director, avisa Conceição Morgado."
Abraço!
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Superdirector: o novo herói da Escola!
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