Mas centremo-nos nestas duas, referenciadas na notícia abaixo. Não sabem escrever nem efetuar cálculos.
Será que mais horas nestas disciplinas vão fazer diferença? Pelo que tenho ouvido dos colegas destas áreas, o que é preciso é mudar o currículo, diminuí-lo, ajustá-lo. Parece que não é o que está a acontecer...
"Quase todos os alunos do 4º e 6º fazem erros de concordância
Apenas 8% dos alunos do 4.º e 6.º ano consegue escrever frases sem erros de concordância. Em ambos os anos de escolaridade, este foi o item das provas de aferição de Língua Portuguesa, realizadas em Maio por cerca de 216 mil estudantes, que obteve a taxa de sucesso mais baixa, revelam os relatórios com a análise pormenorizada do desempenho dos estudantes divulgados sábado pelo Ministério da Educação.
Também na prova de Matemática houve consonância nas dificuldades demonstradas pelos alunos dos dois anos. Só 19% dos estudantes do 4.º e 6.º ano mostraram saber o que é um múltiplo de um número e o que fazer com um problema que envolva este conceito. Os itens que envolviam múltiplos de números foram os que obtiveram piores resultados nas provas de aferição de Matemática.
Na prova do 4.º ano apresentavam-se quatro números, indicando que alguns eram múltiplos de 3, e pedia-se ao aluno que explicasse o que teria de fazer para saber quais deles cumpriam aquela condição. Na do 6.º ano propunha-se um problema, que envolvia múltiplos de 3 e de 5, onde num intervalo entre 30 e 50 os alunos teriam de identificar o total exacto de moinhos em miniatura existentes numa loja.
Nos dois anos, em ambas as provas, os alunos voltaram a coincidir nas perguntas com melhores desempenhos. Na de Língua Portuguesa, mais de 90% acertaram, numa questão de escolha múltipla, na resposta que identificava qual a ideia principal do texto proposto para leitura. A segunda questão com maior percentagem de respostas certas diz respeito à compreensão do número de linhas pedido para a composição. Na prova de Matemática, em ambos os anos, as questões com melhor classificação solicitavam interpretação de informação contida num pictograma: mais de 90% tiveram cotação máxima.
No geral, os alunos mostraram melhores desempenhos na Leitura e na área de Estatística e Probabilidades. Na disciplina de Português, o 6.º ano foi pior na parte da gramática e o 4.º no domínio da escrita. Na Matemática, os piores desempenhos, em ambos os anos, registaram-se na área dos Números e Cálculo.
Falta de sentido crítico
No 6.º ano, os alunos voltaram a revelar particulares dificuldades na resolução de problemas e na compreensão do conceito de fracção. Num dos problemas apresentados perguntava-se quanto dinheiro tinha uma rapariga levado para férias, sabendo-se que na compra de três livros, a seis euros cada, ela tinha gasto 2/5 daquela verba. "Muitos alunos responderam com um total inferior à parte que foi gasta" e continuam a evidenciar "uma preocupante falta de sentido crítico face à plausibilidade das soluções que apresentaram", frisa-se no relatório do Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) do ministério.
"A falta de sentido crítico advém do tipo de ensino que ainda está vigente no país", constata a presidente da Associação de Professores de Matemática, Elsa Barbosa, em resposta a questões do PÚBLICO.
Quanto à análise dos resultados por área, esta docente considera que os bons desempenhos a Estatística e Probabilidades se devem, sobretudo, ao seu reforço no novo programa, que começou a ser aplicado há dois anos em todas as escolas, e também às acções de formação de professores desenvolvidas no âmbito do Plano de Acção para a Matemática. Antes este tema "era muito pouco trabalhado e, inclusive, era uma das áreas onde os professores do 1.º ciclo tinham mais dificuldades", explica.
Já os maus resultados na área dos Números e Cálculo devem-se, sobretudo, ao facto de o actual programa ser "mais exigente". "É preciso tempo para que se alcancem os resultados esperados", acrescenta.
Por comparação a 2010, a média global nacional das provas de aferição de Matemática desceu de 62% para 58% no 6.º ano e de 71% para 68% no 4.º ano. Nas provas de Língua Portuguesa, as médias nacionais mantiveram-se no 6.º ano (65%) e desceram de 70% para 69% no 4.º ano. No relatório do Gave chama-se a atenção para o facto de os alunos do 6.º ano continuarem a mostrar "uma grande dificuldade em utilizar diferentes tempos verbais do modo indicativo e em converter discurso indirecto em directo". Quase metade destes alunos também errou na ordenação alfabética de um conjunto de palavras começadas por "C". No seu comentário sobre a prova do 6.º ano, a Associação de Professores de Português manifestara surpresa pela existência desta questão, "por parecer pouco exigente"."
Abraço!
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