quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Dormem pouco, rendem menos

Tantas vezes dizemos que os nossos alunos andam a dormir e tantas vezes temos razão. Se perguntarmos a que horas se deitam dizem todos orgulhosos (pois isto de deitar tarde é de crecido) que o fazem muito tarde. É a tv, as redes sociais, os jogos...
Não descansam o que devem e as consequências passam também por pior rendimento escolar.

Este é um extracto de uma notícia do Público:


"Um grande número de crianças e de adolescentes portugueses só dorme metade do que precisa, revelam os inquéritos que Teresa Paiva e Helena Rebelo Pinto realizaram recentemente em escolas de Lisboa e de Soure. "Estudos recentes comprovam taxas de sonolência excessiva em mais de 50 por cento dos estudantes, o que tem um impacto evidentemente negativo no sucesso escolar", diz a neurologista.

Especialmente em época de férias é comum encontrar jovens que adoptam uma rotina de sono trocada em relação ao dia e à noite. Saem e divertem-se até de madrugada, deitam-se de manhã, dormem até meio da tarde e "acordam" já de noite para voltarem a deitar-se de madrugada. Mesmo em tempo de aulas, embora reduzam este ritmo, a tendência para deitar tarde e levantar cedo e portanto dormir pouco mantém-se entre grande número de crianças e de jovens portugueses. Uma prática que pode ser "altamente prejudicial", alerta Teresa Paiva. "As crianças que dormem menos do que precisam têm um risco aumentado de hipertensão arterial, de diabetes, de insucesso escolar, de depressão e de insónia", explica, chamando a atenção para a gravidade da situação, já que se trata de "doenças crónicas que são problemas para toda a vida".

Dormir menos do que se precisa "afecta ainda a aquisição de conhecimentos abstractos" e traduz-se no insucesso escolar e nas dificuldades em relação à aprendizagem da Matemática, o que já se tornou num "problema nacional".

Mesmo que os jovens que trocam o dia pela noite acabem por dormir o mesmo número de horas, esse sono "não tem qualidade", afirma a médica. "Dormem fora da fase do sono, portanto o sono nunca tem tanta qualidade e sabe-se que, para além da depressão e da obesidade, o dormir assim tem um risco aumentado de cancro".

Está provado como a luz "tem importância para a saúde", nota Teresa Paiva. E, explicando o benefício de dormir de noite, lembra que "as primeiras células que existiram aprenderam a multiplicar-se de noite e não de dia" e que "são as hormonas [muitas das quais são produzidas exclusivamente quando estamos a dormir] que facilitam a divisão celular". Também é de noite que "há mais interacções entre os neurónios nas várias fases do sono". "Não somos nem ratos nem morcegos, não somos feitos para andar a dormir de dia", nota a neurologista, referindo que "temos relógios no organismo" e que "tudo se passa de forma muito padronizada, tanto durante a noite, como durante o dia relativamente aos horários alimentares e às produções hormonais".

O grande problema é que muitos adolescentes com estes hábitos recusam mudar. "Quando lhes fazemos uma proposta diferente, não querem, porque todo o seu esquema de relações sociais está montado para a noite e de outra forma perdem o círculo social que conhecem", explica aquela médica.

Verifica-se sempre uma grande resistência à alteração de hábitos. "Quando dizemos que uma criança de dez anos deve dormir dez horas e que os mais novos devem dormir muito mais, muitos pais deitam as mãos à cabeça", conta Helena Rebelo Pinto, defendendo que os hábitos de sono fazem parte de "uma aprendizagem que vem desde a mais tenra idade". A experiência mostra "como os pais sofrem, quando as crianças dormem mal e quantas práticas erradas têm para tentar que as crianças durmam bem", diz. Refere a importância de que "os pais tenham informações sobre o que se passa com o sono dos filhos", o que frequentemente não se verifica: "Muitos pais acham que as crianças têm de dormir o mesmo tempo do que eles e ir para a cama ao mesmo tempo que eles."Na sua opinião, há na sociedade portuguesa "uma cultura de desvalorização do sono e um desconhecimento e conjunto de ideias erradas acerca do sono".

Atentas ao surgimento precoce de problemas do sono, Teresa Paiva e Helena Rebelo Pinto lançaram no último ano lectivo o projecto Sono-Escolas, que envolveu mais de cem estabelecimentos escolares em todo o país.

Divulgar os conhecimentos básicos sobre o sono e a sua relação com a saúde, sensibilizar as crianças e os jovens para a importância de dormir bem e adquirir bons hábitos de sono e preparar os agentes educativos para uma intervenção eficaz na melhoria do sono das crianças e dos adolescentes são os principais objectivos deste projecto, que prosseguirá durante o próximo ano lectivo, já com um trabalho integrado num concelho cuja identificação as autoras preferem ainda não revelar. A investigação consistirá num "estudo epidemiológico do sono naquele concelho em determinados anos de escolaridade, junto de uma amostra representativa dos estudantes", esclarece Helena Rebelo Pinto. A partir desse estudo, o projecto inclui também a "formação dos professores que vão trabalhar directamente com os alunos".

No âmbito deste projecto, a neurologista e a professora de Psicologia já escreveram três livros sobre o sono destinados a crianças de várias faixas etárias: Dormir É Bom, Dormir Faz Bem, para crianças dos três aos cinco anos; O Meu Amigo, o Sono, para crianças dos oito aos 12 anos e Os Mistérios do Sono para adolescentes dos 13 aos 18 anos."

Abraço!

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