O tema volta a estar actual na altura em que arranca o novo ano lectivo. Já o referi por várias vezes e até disponibilizo uma mensagem (que podem aceder logo abaixo do arquivo de mensagens deste blogue) com várias ligações para ajudas neste campo.
Como já repararam, eu ainda não comecei a aplicá-lo, mas não posso fugir por muito mais tempo...
"Preparados para a nova grafia?
Sara R. Oliveira | Educare
Aplicação do novo acordo ortográfico arranca agora nos primeiros anos de escolaridade e chega ao Secundário em 2013/2014. Professores e responsáveis educativos defendem ações de formação e avisam que a convivência de duas grafias poderá complicar a adaptação.
O novo acordo ortográfico começa a sair do plano das intenções. Há jornais, canais de televisão e editoras que já adotaram a nova grafia e, este ano, alguns manuais escolares já foram publicados com as regras que progressivamente serão usadas por toda a população dos países de língua oficial portuguesa. No sistema de ensino, os primeiros passos são dados agora.
Para facilitar a vida aos alunos que já interiorizaram uma grafia, há um período de transição em que os erros não serão bem erros. Depois disso, não haverá desculpas. Tudo preparado? A resposta é sim e não.
O diretor do Agrupamento de Escolas da Sertã, Alfredo Serra, considera que ainda há coisas por fazer. "Creio que as escolas não estão preparadas porque nada foi feito para que estivessem", afirma ao EDUCARE.PT. As orientações para que o novo acordo fosse implementado foram dadas. Depois disso, avisa, "não foi feito mais nada".
"O grande problema vai situar-se nos alunos", alerta. O responsável considera que os alunos mais velhos, que entraram na escola com uma determinada grafia, poderão ter dificuldades em adaptar-se. Na opinião de Alfredo Serra, seria importante agendar ações de sensibilização pública, que explicassem o acordo ortográfico, e avançar com formações específicas sobretudo para os professores. "Até para perceber porque foram definidas essas regras ortográficas", refere. As diretivas serão cumpridas à risca no Agrupamento da Sertã. "Vamos cumprir a lei com todos os dispositivos e com a benevolência do período de transição", garante.
Quando há uma novidade, as expectativas são muitas. Para Ana Carvalho, professora de Português, haverá naturalmente dúvidas quanto às novas regras ortográficas e, por isso, a colaboração entre todos será fundamental. "A introdução da nova ortografia vai implicar muitas adaptações na vida das escolas, desde logo no quotidiano da sala de aula, com os hábitos ortográficos que já estão muito enraizados em todos", observa. A velha e a nova ortografia irão conviver durante um algum tempo e há questões a ter em conta. "Impõe-se a necessidade de converter toda a documentação produzida pela escola à nova grafia: projeto educativo, regulamento interno, projeto curricular, plano de atividades, planificação, testes, entre outros", acrescenta a docente.
Há muito trabalho pela frente. Ana Carvalho não sente que os professores estejam totalmente preparados para a aplicação do acordo. Os de Português estarão mais informados. "No entanto, a introdução do acordo será mais um desafio, entre outros, que se prendem com a implementação dos novos programas de Português no Ensino Básico e o novo dicionário terminológico". Na sua opinião, as implicações em termos de trabalho, de estudo e de investigação por parte dos professores são e continuarão a ser grandes. "Não vai ser tarefa fácil introduzir todas estas mudanças em simultâneo, tanto mais que a formação, que se exigia ao Ministério, tem sido dinamizada pelos próprios professores, com o apoio possível dos centros de formação", repara.
A professora de Português acredita que os estudantes vão adaptar-se sem muitos problemas. "O conhecimento dos alunos, neste momento, deverá cingir-se ao que já veem na televisão e ao que vão ouvindo. Será precisamente em contexto de sala de aula que vão tomar verdadeiramente consciência das novas alterações. Aqui o papel do professor de Português será muito importante, não descurando, naturalmente, os demais professores, cujo contributo, no âmbito das suas disciplinas, será igualmente precioso".
As principais dificuldades, em seu entender, relacionam-se com a insuficiente formação dada aos docentes e a existência de uma nova grafia que colide com a velha em livros escolares, artigos científicos e outras obras literárias. "Neste momento, apenas alguns manuais, muito poucos, respeitam o acordo. Por conseguinte, os professores e alunos irão trabalhar neste ano, e nos próximos, ainda com materiais impressos na velha ortografia e isto pode gerar alguma confusão nos próprios alunos e constituir mais uma dificuldade para o professor", salienta.
Na escola de Ana Carvalho tem havido a preocupação de chamar a atenção dos professores para a introdução do novo acordo, nomeadamente divulgando diversos documentos e informações disponibilizados pelas editoras, pela Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular e por vários docentes. A utilização de ferramentas e conversores ortográficos é também valorizada. Tudo para tomarem consciência e se familiarizarem com as principais mudanças ortográficas que também afetarão "a metalinguagem das suas disciplinas". "Penso que a preocupação da escola também se estende à restante comunidade educativa, aos pais e pessoal não docente, que necessitam igualmente de esclarecimento e informação sobre estas alterações do acordo".
"Vai parecer estranho"
Emília Espezinho, diretora do Agrupamento de Escolas Augusto Moreno, de Bragança, adianta que a introdução do novo acordo tem sido tema de conversa no seio da comunidade educativa. O assunto tem sido divulgado nas reuniões gerais dos professores, no conselho de diretores de turma, na coordenação de departamentos. Todos estão avisados do que é necessário fazer, falta agora investir na formação para passar da teoria à prática. Segundo a responsável, há vontade de marcar uma "formação intensiva nessa área". Uma iniciativa aberta a todos os professores e não apenas aos de Português. A diretora espera que a mudança seja pacífica.
Ana Maria Soares, professora de Português, também acredita que o processo será tranquilo, mas não deixa de fazer algumas observações. O mais complicado, na sua perspetiva, é o ano arrancar com manuais escolares ainda sem a nova grafia. Se todos a tivessem, todos a aprenderiam ao mesmo tempo. "Vai parecer estranho. Uns vão escrever de uma forma e outros doutra. Vai ser confuso", comenta.
"É um trabalho que vai ser iniciado e que vai ser gradual". A docente recorda que nos vários momentos em que o novo programa de Português do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico foi analisado, alguns professores foram tendo formação básica acerca do novo acordo ortográfico. Além disso, sustenta, há um período de transição que ajudará a assimilar as mudanças.
A Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC) já definiu o calendário para a aplicação do novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa aos manuais escolares até 2015. O primeiro passo é dado durante este ano letivo. Em 2011/2012, o acordo abrange os livros do 1.º e 2.º anos de escolaridade, a área curricular disciplinar de Matemática do 4.º ano, todas as disciplinas do 2.º ciclo do Ensino Básico - exceto Educação Física, Educação Musical e Educação Visual e Tecnológica do 5.º e 6.º anos e Língua Portuguesa do 6.º ano -, e o manual de Língua Portuguesa do 7.º ano e o de Matemática do 8.º ano.
Em 2012/2013, o acordo chega ao 3.º ano de escolaridade, às disciplinas de Educação Física, Educação Musical e Educação Visual e Tecnológica do 5.º ano, ao manual de Língua Portuguesa do 6.º ano, a todas as matérias do 7.º ano - com exceção da Língua Portuguesa - ao Português do 8.º ano e a Matemática do 9.º ano. No ano letivo seguinte, em 2013/2014, as novas regras ortográficas são aplicadas nos manuais do 4.º ano - exceto na área curricular disciplinar de Matemática - nas disciplinas de Educação Física, Educação Musical e Educação Visual e Tecnológica do 6.º ano, nos manuais do 8.º ano - com exceção de Língua Portuguesa e Matemática -, na Língua Portuguesa do 9.º ano e ainda em todas as disciplinas do Ensino Secundário. Por fim, em 2014/2015, o acordo abrange todas as disciplinas do 9.º ano, à exceção de Língua Portuguesa e Matemática.
A Porto Editora tem, no seu site na Internet, um conversor do acordo ortográfico totalmente gratuito que converte as palavras para a nova grafia e tira todas as dúvidas a quem quer utilizar a nova grafia sem erros. O que muda no emprego das maiúsculas, do hífen, na acentuação gráfica, nos grupos consonânticos e no alfabeto é também explicado com pequenos vídeos. Este conversor não funciona como corretor ortográfico.
Recorde-se que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 pretende criar uma ortografia unificada que seja utilizada por todos os países de língua oficial portuguesa. O acordo foi assinado pelos países lusófonos que decidiram pôr um ponto final a duas normas ortográficas divergentes - a utilizada no Brasil e a usada nos restantes países -, com o objetivo de contribuir para o aumento do prestígio internacional, expansão e afirmação da língua portuguesa. Trata-se de um acordo que valoriza o critério fonético em detrimento do critério etimológico, de forma a aproximar a escrita da forma falada das palavras. A 1 de janeiro de 2012, os serviços e organismos do Estado português terão a grafia adaptada."
"Preparados para a nova grafia?
Sara R. Oliveira | Educare
Aplicação do novo acordo ortográfico arranca agora nos primeiros anos de escolaridade e chega ao Secundário em 2013/2014. Professores e responsáveis educativos defendem ações de formação e avisam que a convivência de duas grafias poderá complicar a adaptação.
O novo acordo ortográfico começa a sair do plano das intenções. Há jornais, canais de televisão e editoras que já adotaram a nova grafia e, este ano, alguns manuais escolares já foram publicados com as regras que progressivamente serão usadas por toda a população dos países de língua oficial portuguesa. No sistema de ensino, os primeiros passos são dados agora.
Para facilitar a vida aos alunos que já interiorizaram uma grafia, há um período de transição em que os erros não serão bem erros. Depois disso, não haverá desculpas. Tudo preparado? A resposta é sim e não.
O diretor do Agrupamento de Escolas da Sertã, Alfredo Serra, considera que ainda há coisas por fazer. "Creio que as escolas não estão preparadas porque nada foi feito para que estivessem", afirma ao EDUCARE.PT. As orientações para que o novo acordo fosse implementado foram dadas. Depois disso, avisa, "não foi feito mais nada".
"O grande problema vai situar-se nos alunos", alerta. O responsável considera que os alunos mais velhos, que entraram na escola com uma determinada grafia, poderão ter dificuldades em adaptar-se. Na opinião de Alfredo Serra, seria importante agendar ações de sensibilização pública, que explicassem o acordo ortográfico, e avançar com formações específicas sobretudo para os professores. "Até para perceber porque foram definidas essas regras ortográficas", refere. As diretivas serão cumpridas à risca no Agrupamento da Sertã. "Vamos cumprir a lei com todos os dispositivos e com a benevolência do período de transição", garante.
Quando há uma novidade, as expectativas são muitas. Para Ana Carvalho, professora de Português, haverá naturalmente dúvidas quanto às novas regras ortográficas e, por isso, a colaboração entre todos será fundamental. "A introdução da nova ortografia vai implicar muitas adaptações na vida das escolas, desde logo no quotidiano da sala de aula, com os hábitos ortográficos que já estão muito enraizados em todos", observa. A velha e a nova ortografia irão conviver durante um algum tempo e há questões a ter em conta. "Impõe-se a necessidade de converter toda a documentação produzida pela escola à nova grafia: projeto educativo, regulamento interno, projeto curricular, plano de atividades, planificação, testes, entre outros", acrescenta a docente.
Há muito trabalho pela frente. Ana Carvalho não sente que os professores estejam totalmente preparados para a aplicação do acordo. Os de Português estarão mais informados. "No entanto, a introdução do acordo será mais um desafio, entre outros, que se prendem com a implementação dos novos programas de Português no Ensino Básico e o novo dicionário terminológico". Na sua opinião, as implicações em termos de trabalho, de estudo e de investigação por parte dos professores são e continuarão a ser grandes. "Não vai ser tarefa fácil introduzir todas estas mudanças em simultâneo, tanto mais que a formação, que se exigia ao Ministério, tem sido dinamizada pelos próprios professores, com o apoio possível dos centros de formação", repara.
A professora de Português acredita que os estudantes vão adaptar-se sem muitos problemas. "O conhecimento dos alunos, neste momento, deverá cingir-se ao que já veem na televisão e ao que vão ouvindo. Será precisamente em contexto de sala de aula que vão tomar verdadeiramente consciência das novas alterações. Aqui o papel do professor de Português será muito importante, não descurando, naturalmente, os demais professores, cujo contributo, no âmbito das suas disciplinas, será igualmente precioso".
As principais dificuldades, em seu entender, relacionam-se com a insuficiente formação dada aos docentes e a existência de uma nova grafia que colide com a velha em livros escolares, artigos científicos e outras obras literárias. "Neste momento, apenas alguns manuais, muito poucos, respeitam o acordo. Por conseguinte, os professores e alunos irão trabalhar neste ano, e nos próximos, ainda com materiais impressos na velha ortografia e isto pode gerar alguma confusão nos próprios alunos e constituir mais uma dificuldade para o professor", salienta.
Na escola de Ana Carvalho tem havido a preocupação de chamar a atenção dos professores para a introdução do novo acordo, nomeadamente divulgando diversos documentos e informações disponibilizados pelas editoras, pela Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular e por vários docentes. A utilização de ferramentas e conversores ortográficos é também valorizada. Tudo para tomarem consciência e se familiarizarem com as principais mudanças ortográficas que também afetarão "a metalinguagem das suas disciplinas". "Penso que a preocupação da escola também se estende à restante comunidade educativa, aos pais e pessoal não docente, que necessitam igualmente de esclarecimento e informação sobre estas alterações do acordo".
"Vai parecer estranho"
Emília Espezinho, diretora do Agrupamento de Escolas Augusto Moreno, de Bragança, adianta que a introdução do novo acordo tem sido tema de conversa no seio da comunidade educativa. O assunto tem sido divulgado nas reuniões gerais dos professores, no conselho de diretores de turma, na coordenação de departamentos. Todos estão avisados do que é necessário fazer, falta agora investir na formação para passar da teoria à prática. Segundo a responsável, há vontade de marcar uma "formação intensiva nessa área". Uma iniciativa aberta a todos os professores e não apenas aos de Português. A diretora espera que a mudança seja pacífica.
Ana Maria Soares, professora de Português, também acredita que o processo será tranquilo, mas não deixa de fazer algumas observações. O mais complicado, na sua perspetiva, é o ano arrancar com manuais escolares ainda sem a nova grafia. Se todos a tivessem, todos a aprenderiam ao mesmo tempo. "Vai parecer estranho. Uns vão escrever de uma forma e outros doutra. Vai ser confuso", comenta.
"É um trabalho que vai ser iniciado e que vai ser gradual". A docente recorda que nos vários momentos em que o novo programa de Português do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico foi analisado, alguns professores foram tendo formação básica acerca do novo acordo ortográfico. Além disso, sustenta, há um período de transição que ajudará a assimilar as mudanças.
A Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC) já definiu o calendário para a aplicação do novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa aos manuais escolares até 2015. O primeiro passo é dado durante este ano letivo. Em 2011/2012, o acordo abrange os livros do 1.º e 2.º anos de escolaridade, a área curricular disciplinar de Matemática do 4.º ano, todas as disciplinas do 2.º ciclo do Ensino Básico - exceto Educação Física, Educação Musical e Educação Visual e Tecnológica do 5.º e 6.º anos e Língua Portuguesa do 6.º ano -, e o manual de Língua Portuguesa do 7.º ano e o de Matemática do 8.º ano.
Em 2012/2013, o acordo chega ao 3.º ano de escolaridade, às disciplinas de Educação Física, Educação Musical e Educação Visual e Tecnológica do 5.º ano, ao manual de Língua Portuguesa do 6.º ano, a todas as matérias do 7.º ano - com exceção da Língua Portuguesa - ao Português do 8.º ano e a Matemática do 9.º ano. No ano letivo seguinte, em 2013/2014, as novas regras ortográficas são aplicadas nos manuais do 4.º ano - exceto na área curricular disciplinar de Matemática - nas disciplinas de Educação Física, Educação Musical e Educação Visual e Tecnológica do 6.º ano, nos manuais do 8.º ano - com exceção de Língua Portuguesa e Matemática -, na Língua Portuguesa do 9.º ano e ainda em todas as disciplinas do Ensino Secundário. Por fim, em 2014/2015, o acordo abrange todas as disciplinas do 9.º ano, à exceção de Língua Portuguesa e Matemática.
A Porto Editora tem, no seu site na Internet, um conversor do acordo ortográfico totalmente gratuito que converte as palavras para a nova grafia e tira todas as dúvidas a quem quer utilizar a nova grafia sem erros. O que muda no emprego das maiúsculas, do hífen, na acentuação gráfica, nos grupos consonânticos e no alfabeto é também explicado com pequenos vídeos. Este conversor não funciona como corretor ortográfico.
Recorde-se que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 pretende criar uma ortografia unificada que seja utilizada por todos os países de língua oficial portuguesa. O acordo foi assinado pelos países lusófonos que decidiram pôr um ponto final a duas normas ortográficas divergentes - a utilizada no Brasil e a usada nos restantes países -, com o objetivo de contribuir para o aumento do prestígio internacional, expansão e afirmação da língua portuguesa. Trata-se de um acordo que valoriza o critério fonético em detrimento do critério etimológico, de forma a aproximar a escrita da forma falada das palavras. A 1 de janeiro de 2012, os serviços e organismos do Estado português terão a grafia adaptada."
Abraço!
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