quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Chumbos e abandono

CNE analisa e diz de sua justiça. Mas não é ouvido...

"Alunos portugueses chumbam muito e é preciso investir no apoio

Conselho Nacional de Educação chama à atenção para o número elevado de alunos que chumbam no ensino português e sugere reforço de apoio ao estudantes.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) alertou hoje para o elevado número de repetentes em todos os graus do sistema educativo português, defendendo que não se deve poupar no apoio aos alunos para evitar "chumbos".

"Temos um grande desvio etário. Os nossos alunos estão na escola mas não estão no ano em que deviam estar", afirmou aos jornalistas a presidente do CNE, Ana Maria Bettencourt.

Os alunos de meios sociais desfavorecidos são os que mais vão ficando para trás, com "desmotivação e o abandono escolar precoce" como consequências.

De acordo com os dados do CNE, no ano letivo de 2009/2010, 100 por cento dos jovens de 15 anos estavam na escola, mas "43% ainda permanecia no ensino básico e apenas 57% se encontra no nível adequado à sua faixa etária, o secundário".

Quando se olha para os jovens de 17 anos, 80% já chegaram ao secundário, mas 10%ainda estão no terceiro ciclo do básico. Quanto mais para a frente no grau de ensino, pior o desvio: em 2009/2010, 14% dos rapazes e 10% das raparigas a frequentar o 12º ano tinha 20 anos ou mais, quando idealmente deviam ter 17 anos.
"Não vale a pena investir [na educação] se as pessoas não aprendem"

Ana Maria Bettencourt defendeu a necessidade de "não deixar arrastar" os problemas, intervindo "ao primeiro sinal de dificuldade" e investindo no "apoio aos alunos" porque "se não se gasta agora gasta-se mais tarde e já com as pessoas fora da escola".

"Não vale a pena investir [na educação] se as pessoas não aprendem", reforçou a presidente do CNE, que nas suas recomendações apela a uma "mudança profunda na atitude das escolas e dos professores face ao insucesso".

Para o CNE, a solução passa pelo "reforço da formação em exercício dos professores e maior autonomia das escolas" para poderem "organizar as melhores soluções".

Em relação ao abandono escolar precoce, os dados do CNE indicam uma descida constante dos números: dos 43,6% em 2000, em 2009 chegou-se a 28,7% de população entre os 18 e os 24 anos que estudou no máximo até ao nono ano.

Mas os resultados de Portugal ainda estão 14 pontos acima da média europeia de taxa de abandono, que se situa nos 14,1% e que de acordo com as metas definidas pela União Europeia deve descer abaixo dos 10% até 2020.

Os maus resultados estão também relacionados com a situação social dos alunos, embora o CNE registe que Portugal está no sexto lugar entre 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico no que toca aos bons resultados obtidos por alunos desfavorecidos.

Mas na última década verifica-se uma tendência "preocupante": um aumento de 25% no número de alunos abrangidos pela ação social escolar. Atualmente, 42% dos alunos recebe ação social e destes, 56% estão no escalão mais elevado de apoio.

E de 68.421 crianças acompanhadas pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em 2010, mais de 15 mil não andavam na escola. Os distritos de Setúbal, Évora, Beja, Portalegre e Faro são aqueles onde há mais desvio etário e coincidem nos resultados mais baixos nas provas de aferição e exames nacionais, assinala o CNE.

Em oposição, Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e Coimbra são os distritos onde que há menos repetentes e onde se verificam classificações mais elevadas nos exames."
Expresso

Abraço!

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