sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um olhar diferente sobre o Ensino

Um olhar diferente sobre o Ensino

"Exportar Ensino


O Congresso das Exportações terá lugar no início de Fevereiro, com o objectivo declarado de «definir uma estratégia clara e em pormenor sobre a forma de o país conseguir aumentar as exportações».

Sou director de uma instituição do ensino superior cujo contributo para as exportações nacionais ronda os cinco milhões de euros, mais do que 95% dos exportadores nacionais. Não fui convidado!

O ensino superior tem um volume de exportações que o coloca facilmente no top 100 dos maiores exportadores nacionais. Que eu saiba, também não foram convidados nem reitores, nem o presidente do Conselho de Reitores, nem o ministro Mariano Gago.

A razão é simples: para os organizadores do Congresso, o ensino superior não exporta. Exportações são o vinho, o azeite, os têxteis, o calçado ou as máquinas e equipamentos. Não o ensino.

Como se exporta ensino? Basicamente, importando pessoas, ou seja, atraindo estudantes estrangeiros para as escolas portuguesas. Quando um estudante de outro país vem fazer um mestrado em Portugal, paga as propinas, o alojamento, as refeições, os transportes, os livros e o lazer. Tudo isto são receitas. Tudo isto são exportações.

Isto sem falar em contributos indirectos. Como o daquele estudante de MBA que iniciou um negócio de exportação de azeite para o seu país, um dos maiores mercados mundiais. (Tivesse ele ido estudar para Espanha e seria o azeite dos nuestros hermanos a ser exportado). Estes estudantes, uma vez retornados aos seus países são grandes embaixadores de Portugal e um nó da cadeia global de relações sem as quais competir globalmente não é possível.

O ensino superior está no top 10 dos exportadores nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália. Na Austrália é mesmo o segundo maior sector exportador, atrás das matérias-primas, mas à frente do turismo. A Alemanha planeou investir, em 2010, 397 milhões de euros para atrair estudantes de todo o Mundo.

Abramos os olhos!"

Sol, 24 de janeiro

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