terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Violências (ditas) escolares


"Violências (ditas) escolares


J. A. Pinto de Matos

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) já está de posse dos dados sobre a violência nas escolas relativos ao ano letivo 2010/2011, desde novembro, mas ainda não os divulgou. O conhecimento dessa informação é fundamental para a compreensão da evolução e do impacto de “novas modas” de violência e, consequentemente, para a elaboração de estratégias de intervenção proativa. É ainda importante para que se evitem especulações baseadas em meras intuições, ou em empolamentos com inconfessadas (más) intenções de quem pretende denegrir (essencialmente) a escola pública, como se os atos de violência respeitassem os limites entre o público e o privado.

Situações de violência (ou violências escolares), como intimidações, ameaças, exclusões, discriminações, sempre existiram no quotidiano das escolas, asfixiando o ambiente de felicidade e bem-estar que é essencial para a construção duma educação de qualidade. Na escola pública ou na privada!

As formas de violência que se entrecruzam na dinâmica escolar são intrínsecas, mas também extrínsecas. Desde os primórdios da humanidade, independentemente do local, houve sempre “valentões” ou “poderosos” que vexaram as suas vítimas, houve sempre alguém que evidenciou o prazer de irritar e exasperar os seus semelhantes, muitas vezes por motivos irrelevantes, e a escola é um cadinho dos vícios e das virtudes da sociedade onde está inserida.

Apesar de ser um inegável fator limitativo do sucesso do processo de ensino/aprendizagem, as práticas de violência eram muitas vezes etiquetadas como brincadeiras inofensivas, ou como tal olhadas. O fenómeno entroncava num padrão do senso comum, que o entendia como normal e típico das crianças, próprio do seu processo evolutivo e de integração.

Este alheamento social e escolar permitiu (e legitimou, por omissão) muito sofrimento em muitos alunos, provavelmente com sérias consequências no seu desenvolvimento psíquico e na queda da sua autoestima.

Nas últimas décadas, tem sido dada outra atenção social ao problema da violência nas escolas, assente muitas vezes em conceções diversas e equívocas, passando a ser uma questão de interesse para a investigação e objeto de preocupação das escolas e dos responsáveis governamentais.

Atraiu também a atenção mediática, que surgiu frequentemente como mola impulsionadora dos debates, por vezes vulgarizando ou mistificando o problema ao focar a atenção em acontecimentos mais dramáticos, escamoteando os factos mais triviais que, pela sua frequência, têm consequências nefastas no clima da escola e na deterioração das relações entre os diversos atores escolares. Os próprios alunos (e também alguns pais e professores) nem sempre percecionam como violentos alguns dos seus comportamentos."
Correio do Minho

Abraço!

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