sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Reforma curricular: opinião de Vasco Barreto

Alguém com esperanças na reforma curricular em curso. Diga-se o que disser, não é a pensar no Ensino que esta surge, a motivação é económica... poupar a todo o custo! Quem poupa no Ensino hipoteca o futuro...



"Trivialidades sobre o ensino
Por Vasco Barreto, investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência, no Jornal i







Há duas estratégias de ensino para responder aos "desafios da modernidade". Uma passa por inová-lo e fragmentá-lo, acelerando a especialização, tendência que o Tratado de Bolonha tornou irreversível no ensino superior.
A outra assenta na concentração dos esforços num núcleo de conhecimento que permanece incólume ao rebuliço da modernidade, mas que, bem dominado, equiparia os alunos para as surpresas do futuro, da mesma forma que um músico de jazz bom em harmonia não se atrapalha perante uma melodia desconhecida.
Saudosista anacrónico do "Trivium" e do "Quadrivium" dos antigos, defendo esta estratégia, e é bom ver que Nuno Crato está a dar os primeiros passos para a implementar no liceu, tentando corrigir o óbvio: somos péssimos a Matemática e a Português, temos uma cultura científica medíocre, e venha antes uma História bem dada, e até ao fim, do que umas pinceladas de Formação Cívica.
Mas pelas reacções que li na imprensa à reforma curricular em curso, continuamos reféns da tradicional clivagem entre esquerda e direita.
Ora, a esquerda não tem de aplaudir todas as experiências pedagógicas inovadoras, nem deve ser cúmplice eterna dos sindicatos dos professores, sob pena de se perpetuar o que me aconteceu há mais de 20 anos, que foi terminar o liceu como se Portugal tivesse acabado com o terramoto de 1755.
Nem a direita tem de persistir num "contra-eduquês" cego, um movimento ainda mais ideológico do que o próprio "eduquês" do "facilistismo", da burocracia e da experimentação, pois mostrou-se incapaz de reconhecer o desempenho razoável dos nossos alunos no exame internacional que conta (o PISA 2009) e devia piar mais fino, pelo menos até ser a sua vez de ir ao quadro."

Abraço!

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